Só se fala em intensidade, mas é
preciso ter talento
Há partidas
intensas e péssimas, cheias de chutões e cruzamentos
Tostão, Folha de S. Paulo
Nesta época de
contratações e de saídas de jogadores, a superioridade dos que chegam é
evidente sobre os que partem, o que melhora a eficiência das equipes
brasileiras. Porém, para dar um salto de qualidade, é essencial mudar o
calendário. Todos reclamam, e tudo continua na mesma, porque quem lucra com
tantos jogos não quer mudanças.
Por causa do
equilíbrio entre as equipes, as previsões correm grandes riscos de dar errado,
embora a tendência seja que Palmeiras, Atlético e Flamengo, que possuem os melhores elencos,
cresçam durante o Brasileirão.
No momento, a
equipe que mais agrada na maneira de jogar é o Fluminense, dirigido por
Fernando Diniz. A aproximação dos jogadores no meio-campo, pelo centro e pelos
dois lados, mantém uma superioridade numérica sobre o adversário, para trocar
passes, ter o controle da bola e do jogo e envolver o adversário. Ganso tem, no
Fluminense, as condições para fazer o que sabe, com toques curtos e
inteligentes, que enganam a marcação.
Obviamente,
falta a Ganso a intensidade, uma qualidade essencial no futebol moderno, mas
que está sendo excessivamente valorizada, tratada como fetiche. Só se fala em
intensidade. Não basta ser
intenso. É preciso ter talento, ainda mais no meio-campo, local de construção
de jogadas. A intensidade associada ao número excessivo de jogos,
como ocorre no Brasil, facilita também as contusões, cada dia mais frequentes.
Na
segunda-feira, na vitória do Botafogo sobre o Bragantino, por 1 a 0, o jogo foi
intenso e péssimo, somente com chutões, bolas longas e cruzamentos para a área.
O gol só poderia ter saído em uma bola espirrada, após uma jogada aérea.
Além da
intensidade, outra palavra-chave no futebol moderno é espaço. Explica tudo. O Santos, na derrota para o Flamengo, avançava o
meio-campo e deixava um enorme espaço entre o setor e a defesa. Éverton
Ribeiro, atuando mais pelo centro, deitou e rolou.
Uma enorme
dificuldade das equipes brasileiras é ser compactas, por erros dos treinadores,
que erram e acertam, o que não significa que os erros e os acertos sejam as
razões das vitórias e das derrotas. Repito, pela milésima vez, um dos motivos
da intensa troca de comando das equipes é a supervalorização dos treinadores,
pelos torcedores, pelos dirigentes e pela imprensa, como se tudo o que
acontecesse em um jogo fosse por causa da conduta dos técnicos.
Na vitória do
Fluminense sobre os reservas do Corinthians, por 4 a 0, Fred entrou no fim e
fez um gol, ao seu estilo. No sábado, contra o Ceará, será a despedida oficial
dos gramados. Fred merece muitos aplausos. Foi um grande artilheiro, excelente
centroavante, só inferior aos maiores craques da posição na história do futebol
brasileiro, como Ronaldo, Romário, Coutinho e Reinaldo.
ESTILOS
O grande
escritor Milan Kundera, ao se mudar, ainda jovem, para a França, disse que
ficou impressionado com as diferenças de comportamento entre a média das
pessoas na República Tcheca, mais espontâneas, emotivas e alegres, e os
parisienses, mais reflexivos, introvertidos e formais.
Dizem que Neymar
vai sair do PSG.
A causa principal seria a antipatia e as críticas dos franceses ao jogador,
pelo estrelismo e distanciamento da cultura francesa. Ocorreu o contrário com
Raí, que brilhou na França, também pelo PSG, na época em que o clube não era
tão poderoso. Se Raí tivesse tanto talento quanto Neymar, teria uma estátua na
Champs-Élysées.
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chaleira, como antigamente https://bit.ly/3IdHpuV
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