O MITOLÓGICO E AUDITÁVEL VOTO-BICO-DE-PENA
Outra medida do TSE a ser aplaudida: A reafirmação do veto ao uso do celular na hora do voto. A
lei 9.504/1997, em seu artigo 91, proíbe terminantemente levar “celular,
máquina fotográfica e filmadora para a cabine de votação”, mas tem gente que
teima em desobedecer. Um dos filhotes do mito, conhecido como “Bananinha”, há
quatro anos, divulgou um vídeo estimulando o gado a filmar a urna em
funcionamento caso “desconfiasse” de algo.
“Auditar” é a questão. Esse é um velho desafio para o comprador de voto. Como
saber se o produto foi entregue? O eleitor teria escapulido do cabresto? Essa
dificuldade quebrou a cabeça do coronelismo desde que o voto-bico-de-pena foi
extinto, há exatos 92 anos, quando a Revolução de 30 instituiu o sufrágio
secreto, abolindo o vergonhoso ato de votar à descoberto, sob “auditoria em
tempo real”, como era praticado desde os tempos do Império.
Levar o celular para
a cabine é sonho dos auditores mitológicos. Basta
cada rês filmar seu votar passo a passo, até o bilimbilim finalizador, daí é só
mandar o vídeo para o capataz. Simples assim. Ainda circula nas redes um
badalado vídeo, feito na eleição presidencial de 2018, onde o eleitor “encarca”
o número 17 com a ponta de uma pistola semiautomática. A Revista Fórum publicou
que esse voto teria sido disparado na Escola Estadual Maurício Brum, em São
João do Meriti, Rio de Janeiro. Não se sabe o resultado de investigação sobre,
nem mesmo se existiu inquérito.
O mentecapto que
ocupa a presidência da República, em entrevista à Rádio
Guaíba (Porto Alegre/RS) no dia 2 de agosto deste ano, disse que “uma das
propostas das Forças Armadas ao TSE” seria “filmar a votação dos eleitores”, em
urnas escolhidas aleatoriamente, para “quem se voluntariasse”, para que “ao
final da votação” essa gravação ser conferida com os dados da urna oficial.
Essa ideia de jerico, ilegal, é um coice no voto secreto e seria o retorno do
voto bico-de-pena, agora em versão filmada.
No tempo da cédula de papel a fiscalização tinha de suar a camisa, se
virar nos trinta para assegurar o sigilo do voto, pois os donos dos currais
eleitorais inventavam a toda eleição uma mutreta nova para auditar seus
eleitores, como o uso de papel carbono ou a devolução de uma cédula “zerada”
para iniciar a "corrente”. O uso do celular na cabine resolveria esse
dilema secular dos raptores de votos, que querem até hoje controlar e coagir o
eleitorado.
Veja: Pedir o voto faz a
diferença https://bit.ly/3QUTNTT
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