14 outubro 2022

Enio Lins opina

TRANSBORDANDO DINHEIRO E SUSPEIÇÃO

Enio Lins, tribunahoje.com

 

Persistindo no tema do furor lavajatista redivivo com a ação policial/eleitoral contra o governador alagoano, Paulo Dantas, é justo imaginar o resultado se semelhante fúria fosse usada em casos como o escândalo recente do “Cartel do Asfalto”.

O “Cartel do asfalto” é uma investigação em curso no Tribunal de Contas da União sobre supostas irregularidades em obras de pavimentação da Codevasf, cometidas entre 2019 e 2021 e alcançando contratos no valor total de R$ 1 bilhão. Reportagem da Folha de São Paulo informa o que todo mundo sabe: o comando da estatal foi dado de presente ao Centrão, e sobre a ele pesa indícios de outras tantas possíveis falcatruas neste governo “onde não existe corrupção”.

Questão anterior e suspeitosa, é o pulo gigantesco dado pela área de cobertura da Codevasf. Pense num pinote! A nova abrangência da estatal pode até ter tido estudos científicos, mas aprovada sob o tacão do Centrão e sancionada pelo Capetão, traz em si evidências ululantes de falcatrua, pois essa turma não dá ponto sem nó, como já cantarolou o general Helenão. Há dois anos a autarquia levantou voo com o Centrão a bordo, rumo ao infinito e além.

A Codevasf evoluiu da Comissão do Vale do São Francisco (CVSF), em 1948, para Superintendência do Vale do São Francisco (Suvale), em 1967. Em 1974 virou a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, sempre cuidando do Velho Chico. Mas a Lei nº 14.053, de 8 de setembro de 2020, mantendo a sigla, transbordou-a para “as bacias hidrográficas dos rios São FranciscoParnaíbaItapecuruMearimVaza-BarrisParaíbaMundaúJequiáTocantinsMunimGurupiTuriaçuPericumãUnaReal ItapicuruParaguaçuAraguari (AP)Araguari (MG)JequitinhonhaMucuri e Pardo, nos Estados de Alagoas, do Amapá, da Bahia, do Ceará, de Goiás, do Maranhão, de Mato Grosso, de Minas Gerais, do Pará, de Pernambuco, do Piauí, de Sergipe e do Tocantins e no Distrito Federal (...)” esclarece o site oficial codevasf.com.br

Essa abrangência
 toda está nas mãos do Centrão e do Capetão, e rios de dinheiro inundam essas bacias hidrográficas, com resultados previsíveis. Daí a pergunta: O rigor usado pela Polícia Federal e STJ no caso Dantas será utilizado no caso da Codevasf? Segundo a Folha de São Paulo, no TCU, o relator do caso é o Ministro Jorge Oliveira, amigo do falso messias, de quem foi assessor parlamentar na Câmara dos Deputados, e depois comandou a Secretaria-geral da Presidência... “Quêde” o rigor agora?

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