27 outubro 2022

Novos bons sinais

Datafolha: Máquina de Bolsonaro ainda não entregou resultados no triângulo decisivo

Quadro do embate entre presidente e Lula em SP, MG e RJ é parecido com resultado das urnas no 1º turno
Bruno Boghossian, Folha de S. Paulo

 

A máquina de Jair Bolsonaro (PL) deu fôlego ao presidente no segundo turno, mas a nova pesquisa do Datafolha sugere que a campanha ainda não conseguiu atingir a potência esperada no principal campo de batalha da disputa.

Nos três estados considerados cruciais para o resultado da eleição, os números mantêm o embate entre Bolsonaro e Lula (PT) praticamente nas mesmas condições registradas no primeiro turno. Como o presidente precisa do triângulo São Paulo-Minas Gerais-Rio de Janeiro para virar o jogo, a estabilidade tem sabor amargo.

Em São Paulo, Bolsonaro aparece com seis pontos de vantagem sobre Lula (53% a 47% dos votos válidos). São bons milhões de votos para levar para casa, mas o presidente já tinha esse resultado no primeiro turno, quando marcou sete pontos a mais que o rival.

Um quadro parecido pode ser observado no Rio, onde Bolsonaro tem 12 pontos de frente nos votos válidos (56% a 44%) ante 10 pontos obtidos no primeiro turno.

Em Minas, o presidente fechou o primeiro turno quatro pontos atrás de Lula, e agora aparece na mesma situação (52% dos votos válidos para o petista, 48% para Bolsonaro, configurando um empate na margem de erro).

As notícias não seriam ruins para Bolsonaro se não faltasse tão pouco tempo para a votação e se a campanha do presidente não tivesse investido tão pesado nesses estados –com uma agenda concentrada em suas principais cidades e o patrocínio dos três governadores (Rodrigo Garcia, Cláudio Castro e Romeu Zema).

São Paulo, Minas e Rio são determinantes no mapa da campanha de Bolsonaro para ajudar a desfazer a diferença de quase 13 milhões de votos com que Lula saiu do Nordeste no primeiro turno. Derrotar Lula por uma margem estreita no Sudeste não será suficiente.

A estabilidade nos três estados permite levantar duas hipóteses: o eleitorado ainda demonstra uma hesitação em relação à candidatura do presidente e pode tomar uma decisão nos próximos dias; ou a campanha de Lula representa uma barreira que impede a campanha de Bolsonaro de ir mais fundo nesses estados.

Os dados sobre a convicção dos eleitores deixam alguma margem para a primeira interpretação. Em São Paulo, 9% dos entrevistados dizem que podem mudar de voto até o domingo (30). No Rio, o índice é de 6%. Em Minas, 7%.

A segunda possibilidade direciona o foco para o eleitor de baixa renda. Depois de sofrer para conquistar o eleitor mais pobre, Bolsonaro viu seus números piorarem nesse segmento do país.

A nova pesquisa mostra que, no grupo de entrevistados com renda de até dois salários mínimos, o presidente foi de 38% para 33% desde o início do segundo turno, enquanto Lula passou de 56% para 61%.

As maiores variações foram registradas na última semana, quando a campanha petista voltou a direcionar suas atenções para a economia. O comitê de Lula explorou, por exemplo, a proposta discutida dentro do governo Bolsonaro de mudar a política de reajuste do salário mínimo –o que pesa sobre eleitores da base da pirâmide.

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