20 outubro 2022

Enio Lins opina

REAGINDO À INDÚSTRIA DE MENTIRAS

Enio Lins, tribunahoje.com

 

O Tribunal Superior Eleitoral, finalmente, deu um freio de arrumação na bagunça promovida pela indústria de fake News. Estão sendo investigadas 47 pessoas suspeitas por produção e distribuição de notícias falsas e foram desmonetizados quatro canais no Youtube, entre esses uma coisa chamada de “Brasil Paralelo”. Carlucho, o “vereador federal”, foi intimado a depor.

Hillary Clinton, quando candidata à Casa Branca, tornou-se a primeira grande vítima desse modelo de mentiras industrializadas. “Nos Estados Unidos em 2016 foram 50 milhões de perfis invadidos, a partir dos quais localizaram-se as mensagens com potencial de engajamento de pessoas e grupos em prol de um posicionamento político de extrema-direita” (Le Monde Diplomatique). A candidata democrata foi caluniada de todas as formas, até como sendo ligada a redes de prostituição.

Le Monde Diplomatique, em reportagem de Arthur Sinaque Bez, em 25/10/2018, esclarece que “uma tal Cambridge Analytica, [criada em 2013] chefiada por um tal Steve Bannon, especializados em coletar dados de contas do Facebook, criar e difundir conteúdos via Whatsapp no intuito de manipular eleições nacionais”, se propunha a promover “programas de mudança comportamental” em países de todo o mundo, por meio de “operações psicológicas que visam uma dominância informativa”. Operações ilegais, assinale-se.

Em 4 de agosto de 2018, no Twitter, o notório Dudu Bananinha (depois anunciado pelo pai para embaixador nos Estados Unidos, o que deu chabu), tornou pública uma conversa sua com Steve Bannon: “estamos certamente em contato para unir forças, especialmente contra o marxismo cultural”. Na campanha daquele ano, segundo a Folha de São Paulo, realizaram-se disparos robóticos de material caluniador para “centenas de milhares de grupos de Whatsapp pró-Bolsonaro, gastando mais de R$ 12 milhões sem que nenhum centavo fosse declarado ao TSE”. Naquele ano, Carlucho assumiu o comando da campanha digital do pai.

Carlos B., vulgo Carlucho, agora intimado, é apontado, desde 2018, como o comandante da indústria de fake news que marca a propaganda do pai. Seria ele o líder do jogo baixo. Mas o que esperar de um político que, ainda menor de 18 anos, foi capaz de destruir a carreira da própria mãe? Esses posicionamentos do TSE poderiam ter acontecido mais cedo, mas mesmo com atraso, merecem todos os aplausos! E que as investigações sigam adiante! [Ilustração: Aroeira]

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