15 outubro 2022

Futebol da gente

O Brasil precisa aprender com o tempo

Domínio e um grande número de finalizações não significam sempre muitas chances de gol
Tostão, Folha de S. Paulo

 

Nesta quarta-feira (12), começa a decisão da Copa do Brasil. O empate, fora de casa, é ótimo para o Flamengo. Se o Corinthians vencer, o que é comum quando atua em casa, mesmo jogando mal, pode gerar uma intranquilidade ao Flamengo, no Maracanã.

O Flamengo vai, certamente, manter a escalação e a maneira de jogar. O Corinthians tem opções. Uma é a mais habitual, a de atuar com um trio no meio-campo, com um volante mais centralizado, recuado, e um meio-campista de cada lado, para defender e atacar, além de um jogador em cada ponta e de um centroavante. Outra alternativa é escalar dois volantes em linha, mais marcadores, com Renato Augusto à frente dos dois, para armar as jogadas.

Uma opção diferente e que pode surpreender é deslocar o ponta rápido da direita para a esquerda, para confrontar e marcar os avanços de Rodinei. Róger Guedes atuaria mais livre, mais centralizado e mais perto de Yuri Alberto, como um segundo atacante, onde é mais decisivo.

Enquanto a Copa do Brasil pega fogo, o Brasileirão já está praticamente decidido. A disputa será para vagas na Libertadores e para fugir do rebaixamento. O Inter, vice-líder, tem me impressionado pela maneira eficiente de defender e de atacar e pela presença de alguns bons jogadores que não estavam na temporada anterior, como Pedro Henrique e Alemão.

Mano Menezes, quando era técnico da seleção brasileira e fazia um bom trabalho, foi trocado por Felipão, antes da Copa de 2014. O então presidente da CBF, José Maria Marín, contratou também Parreira para ser diretor técnico, dois campeões do mundo. A saída de Mano foi mais por causas políticas, comerciais e de marketing do que técnicas. Investidores, parceiros da CBF e marqueteiros estavam preocupados com o pouco prestígio da seleção. Queriam um técnico experiente, campeão do mundo, capaz de sacudir o torcedor, como Felipão, que já tinha feito o mesmo em Portugal, antes da Eurocopa de 2008.

Quem não vai bem no Brasileirão é o Atlético-MG. Já há torcedores com saudades do Turco Mohamed. Após o empate por 0 a 0 com o Ceará, Cuca disse que o time tem jogado tão bem quanto no ano passado, mas que agora a bola não tem entrado. Não é bem assim. Repito, pela milésima vez, domínio da partida e um grande número de finalizações não significam sempre muitas chances de gol. E também o contrário, uma equipe pode ter inúmeras chances de gol mesmo sem finalizar.

Pulo para a seleção. Tite, em uma entrevista, dias atrás, ao jornalista Luciano Trindade, da Folha, disse que mais ou menos 20 jogadores estão certos para a Copa. Penso que seriam: Alisson, Ederson, Weverton, Thiago Silva, Marquinhos, Militão, Danilo, Alex Sandro, Casemiro, Fred, Fabinho, Bruno Guimarães, Paquetá, Neymar, Raphinha, Vinícius Júnior, Antony, Rodrygo, Gabriel Jesus e Richarlison.

Perguntado sobre a derrota para a Bélgica, em 2018, Tite falou que o Brasil foi melhor e que criou mais chances de gol. É verdade, mas o time pressionou porque perdia a partida e precisava reagir.

Após a Copa, o treinador belga confirmou que a escalação do centroavante Lukaku na ponta direita foi a mesma estratégia usada pelo México, dias antes, contra o Brasil, quando os mexicanos perderam vários gols. Miranda foi atuar na lateral, já que Marcelo era quase um ponta, abrindo grandes espaços pelo meio. A diferença é que o México não tinha jogadores com a qualidade individual de Lukaku e de De Bruyne. O Brasil precisa aprender com o tempo. [Ilustração: Aldemir Martins]

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