17 outubro 2022

Minha opinião

Incômodas verdades de um boquirroto

Luciano Siqueira

Não é a primeira vez e jamais será a última que o atual presidente da República, capitão da reserva Jair Messias Bolsonaro, fala verdades incomodas e, em seguida, tenta desmentir o que disse.

Isso depois de ter amargado alguns processos judiciais justamente por ter dito e não ter negado, que não estupraria uma deputada porque não via nela atrativos ou que indivíduos afrodescendentes seriam pesados em arrobas, numa referência a bois de corte.

Claro que ele mente muito. Fiel aos ensinamentos do finado Olavo de Carvalho, trafega numa realidade paralela e tenta impor conceitos e versões sobre os acontecimentos sob todos os aspectos falsos, mas como se fossem verdadeiros.

Sim, mente.

Mas também fala a verdade em alguns momentos, inclusive em entrevistas durante as quais se vê compelido a relatar suas experiências pessoais, por todos os títulos condenáveis, e quando repercutem negativamente busca desdizê-las.

Caso agora dessa entrevista em que ele disse ter rolado "um clima" ao se aproximar de jovens adolescentes de origem venezuelana numa comunidade nos arredores de Brasília, salvo engano.

Daí a pecha de pedófilo foram poucos minutos, tamanha a repercussão negativa da maldita (para ele) afirmação.

Sabe-se lá que diagnóstico psiquiátrico está a merecer o governante de extrema direita. Mas, no mínimo, trata-se de um boquirroto contumaz, que frequentemente escorrega em areias movediças e enlameadas, por sua própria conta e risco.

O risco imediato é se frustrar em sua tentativa de reeleição. [Ilustração: Aroeira]

Leia também: Duas razões da vantagem de Lula no debate da Band, ontem https://bit.ly/3VvNuJA

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