Fora de controle
Luciano Siqueira
Quando estudante e
depois médico residente, em plantões na emergência geral várias vezes atendi
pacientes em estado de desequilíbrio emocional.
A psiquiatria não era
e nunca foi a minha opção. Mas um mínimo de orientação tive dos meus
preceptores sobre como proceder nesses casos.
Frequentemente, não
era suficiente a tentativa de um bom diálogo com o paciente no sentido de
acalmá-lo e o jeito era tirá-lo do estado de desvario e descontrole recorrendo
a Amplictil e Fenergan.
Seria até
desrespeitoso sugerir essa conduta terapêutica para o presidente da República,
hoje, por ocasião de entrevista onde, inteiramente possesso, desferiu ataques
de baixo nível contra presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, e o
ex-presidente Lula.
Isto quase no exato
momento em que o Datafolha trazia a público o resultado da sua primeira
sondagem pós realização do primeiro turno. O placar 54% pro Lula versus 47% pro
Bolsonaro provavelmente seja a causa de tamanha explosão emocional.
A rigor, num pleito
de tamanha importância seria desejável que os contendores, sem prejuízo da
veemência que desejem imprimir à defesa de suas opiniões, mantivessem a
serenidade.
Mas a discrepância é
acentuada: o atual presidente e provável futuro ex perde as estribeiras,
enquanto o ex provável futuro presidente mantém a serenidade.
Para além da disputa
de projetos para a nação, evidencia-se aí mais um critério a distinguir pelo
eleitorado: os atributos emocionais díspares dos contendores.
[Ilustração: Clayton]
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