07 outubro 2022

Minha opinião

Fora de controle

Luciano Siqueira

 

Quando estudante e depois médico residente, em plantões na emergência geral várias vezes atendi pacientes em estado de desequilíbrio emocional.

A psiquiatria não era e nunca foi a minha opção. Mas um mínimo de orientação tive dos meus preceptores sobre como proceder nesses casos.

Frequentemente, não era suficiente a tentativa de um bom diálogo com o paciente no sentido de acalmá-lo e o jeito era tirá-lo do estado de desvario e descontrole recorrendo a Amplictil e Fenergan.

Seria até desrespeitoso sugerir essa conduta terapêutica para o presidente da República, hoje, por ocasião de entrevista onde, inteiramente possesso, desferiu ataques de baixo nível contra presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, e o ex-presidente Lula.

Isto quase no exato momento em que o Datafolha trazia a público o resultado da sua primeira sondagem pós realização do primeiro turno. O placar 54% pro Lula versus 47% pro Bolsonaro provavelmente seja a causa de tamanha explosão emocional.

A rigor, num pleito de tamanha importância seria desejável que os contendores, sem prejuízo da veemência que desejem imprimir à defesa de suas opiniões, mantivessem a serenidade.

Mas a discrepância é acentuada: o atual presidente e provável futuro ex perde as estribeiras, enquanto o ex provável futuro presidente mantém a serenidade.

Para além da disputa de projetos para a nação, evidencia-se aí mais um critério a distinguir pelo eleitorado: os atributos emocionais díspares dos contendores.

[Ilustração: Clayton]

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