Rombo de R$ 500 bi em Ministério de Minas e Energia pode
impactar conta de luz
Próximo
ministro terá de pleitear a rescisão de contratos de usinas termoelétricas na
tentativa de minimizar valores a pagar
Camila Bezerra, Jornal GGN
O País vai herdar uma dívida de até
R$ 500 bilhões em energia, que pode se arrastar por mais de um mandato do
governo federal e será paga, claro, pelos consumidores. A conclusão é do grupo
de transição (GT) de Minas e Energia, que apresentou o diagnóstico da pasta
nesta quinta-feira (8), em coletiva de imprensa.
De acordo com Maurício Tolmasquim,
coordenador executivo do grupo, uma das origens do valor em aberto foi o
empréstimo concedido às distribuidoras de energia durante a pandemia, que soma
cerca de R$ 23 bilhões. A crise hídrica também impactou o rombo, com mais R$
6,5 bilhões.
A contratação de termoelétricas
adicionou outros R$ 39 bilhões na conta ministerial. “Teve também as famosas
consequências da privatização da Eletrobrás, que foram as emendas colocadas no
projeto de privatização, que têm um impacto muito grande. Uma delas é a
obrigação de contratar termoelétricas inflexíveis, que funcionam o tempo todo,
em lugares distantes do mercado e onde não tem gás, e que soma cerca de R$ 368
bilhões”, afirmou Tolmasquim.
Por fim, a obrigação de manter
reserva para pequenas centrais hidrelétricas acrescenta outros R$ 55 bilhões
entre as pendências do governo, totalizando R$ 491,5 bilhões em contas a pagar.
Revisão
“Temos um fenômeno no Brasil que o custo da geração de energia
elétrica é muito barato, porque nossas fontes são baratas e temos bons recursos
naturais. Agora, a tarifa que o consumidor paga é exorbitante, uma das mais
caras do mundo. O que vemos agora é que vem mais pressão, portanto, sobre a
tarifa do consumidor”, continuou Tolmasquim.
Os representantes da equipe de transição ainda não conseguem
determinar como ou quando haverá um aumento de tarifa na conta de luz para
sanar as pendências atuais, até porque esta decisão também passa pelo ministro
de Minas e Energia, ainda indefinido.
Porém, um dos desafios
da próxima gestão será a revisão destes valores. O coordenador do GT afirmou
que existe espaço para negociar contratos de usinas termoelétricas que ainda
não foram construídas ou que não entraram em funcionamento no prazo determinado
entre contratante e contratada. A intenção da equipe é rescindir estes
contratos, a fim de reduzir parte dos R$ 368 bilhões que serão repassados ao
consumidor.
Solução amigável
Ciente da gravidade das pendências na pasta de Minas e Energia,
a atual gestão promoveu uma consulta pública para oferecer soluções amigáveis
às empresas contratadas para construir termoelétricas, mas que ainda não
iniciaram as obras e rescisão de contrato para as usinas que não entraram em
operação dentro do prazo estipulado por contrato.
“Com relação à questão do PCS, tem realmente uma consulta
pública, que vai originar uma portaria para permitir que as usinas adimplentes
possam negociar a rescisão amigável dos contratos, a fim de reduzir essa
conta”, afirma Nelson Hubner, coordenador do subgrupo de Energia.
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