Expertise em pregos e parafusos
Luciano Siqueira
Nunca li sobre o assunto nem sei se alguém escreveu algo nesse sentido: grandes talentos se revelam no ambiente meramente doméstico.
Pelo menos é o que eu constato nesse instante, aqui em casa, onde estamos prestes a finalizar uma pequena reforma do apartamento.
O talento, neste caso, se expressa na competência e na habilidade do meu genro Alexandre — arquiteto de formação, mestre em recursos hídricos e ambientalista respeitado —, que manuseia pregos e parafusos ao nos ajudar a fixar na parede telas de Tereza Costa Rego, Bosco Rolemberg, Augusto Lucero, Endira Carneiro, Cícero Dias, Delano, Álvaro Cunhal, Eduardo Marinho, Wesley Duke Lee e outros e pratos ornamentais e fotos.
O problema está na cabeça — tanto dos pregos como dos parafusos. A cabeça não pode ser pontuda, formando um círculo acanhado. Tem que ter aba, como de um chapéu tipo Panamá clássico. Para que dê mais confiança na sustentação dos objetos apostos na parede.
Cá das profundezas da minha ignorância e incompetência prática na matéria, imagino que a expertise de Alexandre seja fruto da fusão do aprendizado prático ao lado de Raminho, o pai eletricista, e da noção precisa do espaço e da junção de peças a partir da perspectiva e de cálculos advindos da formação acadêmica e da experiência prática do arquiteto.
Que assim seja. Sempre.
Até não mais ver, coronavírus! https://bit.ly/46x3Plu
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