No Natal, o melhor presente
Luciano Siqueira
Dar presentes para mim sempre foi um misto de prazer e embaraço. O prazer de ofertar algo a uma pessoa estimada no intuito de agradá-la. O embaraço de não saber escolher — com o tempero da visceral timidez.
No ambiente familiar, frequentemente recorro às filhas Neguinha, arquiteta e Tuca, cineasta, que me orientam com rara sensibilidade, bom gosto e senso prático.
Mas torna-se fácil quando quem receberá o presente sabidamente gosta de ler.
Dar livros é uma satisfação enorme.
Daí a minha felicidade ao perguntar à neta de 10 anos, Alice, que presente gostaria de receber neste Natal:
— Um livro, respondeu de pronto.
O mesmo já aconteceu com os outros netos, irmãos de Alice, Pedro e Miguel.
No ano passado, Miguel, então com 17 anos, apresentou uma lista de livros para que escolhêssemos um, dentre os quais o clássico "Dialética Radical do Brasil Negro", de Clóvis Moura.
Meu livro de crônicas "Como o lírio que brotou no telhado", publicado pela editora Anita Garibaldi, do qual ainda me restam alguns exemplares, quando me pedem o oferto com enorme prazer (mesmo com a consciência que não se trata de nenhuma obra de maior valor literário).
Ler faz bem.
Dar e receber livros renova a vida!
[Ilustração: Pablo Picasso]
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