Esperneio de quem perde poder
Luciano Siqueira
No arcabouço institucional brasileiro, a presidência da Câmara dos Deputados é um posto destacado. Em ambiente de permamente tensão entre os chamados três poderes da República - o Executivo, o Judiciário e o Parlamento -, o regimento da câmara baixa, como se costuma dizer, dá plenos poderes ao seu presidente.
É disso que se vale agora o deputado Arthur Lira, em marcha batida para o fim do seu mandato. Na iminência de perder poder e se tornar mais vulnerável, tamanho o rol de complicações que acumula em sua trajetória política, desde quando deputado estadual em Alagoas, espenerneia e faz chantagem contra o governo.
Numa trincheira, oferece aos seus pares de maioria conservadora um plano de “reação ao STF”, constituindo um grupo de trabalho destinado a tratar da limitação dos poderes da Suprema Corte em relação ao Parlamento.
Na outra, ameaça com uma pauta a ser votada em plenário contendo vetos do presidente da República em diversos projetos de Lei.
De quebra, insinua que tirará da gaveta pedidos de CPIs que, uma vez instaladas, no mínimo exigirão atenção e energias do governo.
Uma espécie de esperneio diante da perspectiva de retornar à planície, uma vez cessado o seu mandato na presidência da Casa.
Lira pretende ter o controle da sua sucessão, mas parece perder paulatinamente as condições políticas para tanto.
Um teste foi a manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão, acusado de mandar matar a vereadora Marielle e seu motorista Anderson. A sua base aliada se articulou amplamente, mas perdeu.
Para o presidente da Câmara dos Deputados importa a agenda pessoal, fisiológica e reacionária, e não a reconstrução nacional na qual está empenhado o governo.
De agora até o fim do ano, muitos rounds vão acontecer. A tendência é Arthur Lira seguir se enfraquecendo gradativamente e adiante ir a nocaute.
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