11 abril 2024

Subjetividade no futebol

Afeto não é apenas para enfeitar

Os jogadores não são puramente um conjunto de órgãos, ossos e músculos
Tostão/Folha de S. Paulo

 

O pênalti, bem ou mal marcado, costuma mudar a história de um jogo, de um campeonato, do futebol. O pênalti, muitas vezes, é uma das manifestações do acaso, pois nunca se sabe onde e quando vai ocorrer. Acontece.

Pela lógica do futebol, todo lance que é considerado falta no meio de campo deve ser considerado pênalti quando ocorre dentro da área. Os árbitros, porém, pela importância do pênalti, deveriam ter mais cuidado em marcá-lo. Não se pode banalizar o pênalti. 

O pênalti marcado a favor do Atlético-MG, quando o jogo estava 1 x 1, foi corretamente assinalado pela regra do futebol. Porém a regra deveria ser mudada. É impossível para o defensor controlar a posição do braço quando disputa uma bola. O jogador do Cruzeiro estava com o braço esticado. Ele não levou o braço na bola. Foi a bola que tocou no braço.

Já o pênalti marcado a favor do Palmeiras contra o Santos não está nem na regra. O goleiro tentou tirar o corpo para evitar tocar em Endrick, mas a velocidade do jogador era tão grande que foi impossível não ter o contato. Os árbitros ingleses não marcariam o pênalti. Aliás, parece haver na Inglaterra uma iniciativa dos árbitros de não marcar certos pênaltis. Seria uma tentativa de pressionar os dirigentes para alterar a regra?

Nas finais dos estaduais, os estádios estavam lotados, como tem sido bastante frequente, apesar dos ingressos caríssimos e de espetáculos apenas razoáveis, com muito tumulto durante os jogos. Algumas pessoas que vão regularmente aos estádios dizem que ainda há muitas pessoas pobres, que fazem grandes sacrifícios financeiros. É o prazer de torcer pelo seu time, participar das belíssimas festas e descarregar suas emoções, uma verdadeira catarse. 

Flamengo e Palmeiras confirmaram nos estaduais que são as mais fortes equipes brasileiras. O Flamengo possui mais talento pela região central do campo, de uma área à outra, enquanto o Palmeiras alterna mais a maneira de jogar, de acordo com o momento e o adversário. Tite é mais contido, repetitivo, racional. Abel Ferreira é mais emocional. São os dois melhores técnicos que atuam no país. Unem conhecimento técnico, tático e humano.

Uma das qualidades do Palmeiras é a organização estrutural, formada por profissionais sérios e competentes. Não há politicagem no clube. Abel Ferreira, a comissão técnica e os atletas são partes importantes do sucesso, que se perpetua ao longo dos anos.

O Atlético-MG conquistou de virada o título mineiro. As alterações corajosas do novo treinador quando o time perdia funcionaram e entusiasmaram os torcedores. Já a troca feita pelo treinador do Cruzeiro, de tirar o meia ofensivo para colocar mais um zagueiro, com a finalidade de fortalecer a defesa, foi bastante criticada e levou à sua demissão. Já vi milhares de técnicos fazerem o mesmo. Quando dá certo é elogiado, quando dá errado, bastante criticado. 

A demissão do treinador do Cruzeiro é compreensível, porém mais importante que trocar de técnico é contratar uns dois ótimos jogadores.

Os aspectos emocionais dos atletas necessitam ser mais valorizados. Uma partida de futebol é muito mais que fatos estratégicos, tecnológicos, estatísticos, de causas e efeitos definidos. Os atletas não são apenas um conjunto de órgãos, ossos, músculos, vasos sanguíneos, tendões e cartilagens. Possuem também emoções, sentimentos e afetos, que necessitam ser conhecidos e orientados por profissionais da psicologia. O corpo e a alma andam juntos. Os afetos não existem apenas para enfeitar.

Em cima do lance https://bit.ly/3Ye45TD

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