Perverso jogo das ilusões
Luciano Siqueira
Jogos de azar, como o chamávamos no século 20, sempre deixaram rastro de ilusão e pecado.
Porque viciam, as religiões os enquadram entre as faltas graves
sujeitas a punição, incluindo a interdição ao reino dos céus.
Iludem em toda linha — do jogo do bicho e das loterias da Caixa às
roletas dos cassinos e agora às apostas esportivas pela internet.
Neste último caso, uma praga difícil de debelar. Ocupam espaço na
internet, numa espécie de terra de ninguém a partir de provedores instalados em
países de modo a escaparem de qualquer controle.
São as chamadas bets de denominações as mais variadas e
supostamente atrativas.
A PwC Strategy& revela que os gastos com apostas esportivas já
superam outros tipos de despesas discricionárias (lazer, produtos pessoais e
cultura) e comprometem seriamente o orçamento familiar destinado à alimentação.
Desde que as plataformas de apostas foram permitidas no governo Temer,
em 2018, os gastos pessoais com apostas aumentaram 419%!
Já na sua obra clássica "A ideologia alemã", Karl Marx
já demonstrava que as concepções da classe dominante tendem a predominar na
sociedade como uma espécie de sistema de ideias falso destinado a manter
submissos explorados e oprimidos.
Milionários de várias espécies são vistos por boa parte da
população como gente de sorte, que soube aproveitar as oportunidades
supostamente oferecidas capitalismo vigente.
Quem sabe uma dessas oportunidades não esteja exatamente em
abocanhar uma boa soma através das apostas?
Então, esse massacre midiático cotidiano que tenta nos levar para o caminho das apostas, além de negócio altamente rentoso para os proprietários das bets e assemelhados, reforçam o sistema de dominação imperante.
Tudo isso dentro da legalidade estabelecida.
Um horror.
Leia também: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/02/universo-virtual.html
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