ESTRADA DE FERRO
Oswald Barroso
A Jô Abreu
Quando um
banco de trem
nos juntou
na mesma estrada de ferro, não era esse caminho
que tu havias escolhido.
Pelo menos,
não o ferro desse caminho,
Embora a
locomotiva nos levasse
ao coração
da Terra e do povo.
Não, não foi
esse cano de ferro
que naquele
momento tu escolheste.
Foi o sonho
de todas as namoradas,
a felicidade
de nossos corpos entrelaçados,
a festa que
nos aguardava
no final dos
trilhos.
Foi a
paisagem livre do campo,
a alegre
aventura dos nossos pés descalços pisando o chão quente do Nordeste,
lado a lado
com a gente simples do Interior.
Foi a flor
sem espinhos que escolheste,
não a rosa,
mas o trevo
do bem me
quer mal me quer.
Quando
sentaste naquele banco de trem,
tu não
sabias, mas teus passos te levariam
a um caminho
maior do que aquela estrada.
Também de
ferro feito esse caminho.
[Ilustração: Misés Kisling]
Leia também: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/09/minha-opiniao-fortuito.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário