04 novembro 2024

Palavra de poeta: Chico de Assis

CONSOLAÇÕES
Chico de Assis*   

Há sempre um canteiro
onde podes regar a flor
murcha nas mãos. 
E um leito pra desaguar
o rio corrente dos olhos. 
 
Não desesperes. Tua ternura
dissipou-se nas armações 
irreais da tua classe. 
 
Mas te espera 
a ternura esculpida 
no barro batido 
dos bairros operários. 
 
Ternura marcial
militar 
de um filme de Jonh Ford. 
 
Não desesperes. 
Dispõe teu amor
no chão sem ladrilhos 
recolhe o resíduo 
do erro cometido.
 
E não chores mais
o tempo perdido.
O tempo
(verdadeiro)
que se teve
não se perdeu!


[Tereza Costa Rêgo]

*Advogado, poeta

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