14 dezembro 2025

Palavra de poeta

Corpo a corpo
Wilson Freire   

E rolamos e bolamos, nos chocamos
até virarmos dois eixos.

E suamos e molhamos e nadamos
até virarmos dois peixes.

Mergulhamos, afundamos e giramos
até perdermos o eixo.

Nos lançamos, nos cruzamos, nos traçamos
até virarmos um feixe.

O meu fluxo
teu refluxo
nós dois flácidos:
vertiginoso desleixe.

[Ilustração: Bruno Steinbach]

Leia também: "O homem vivo", poema de Lêdo Ivo https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/08/palavra-de-poeta_9.html 

Nenhum comentário: