A vida segue, apesar de tudo
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
“O mundo em transe” - assim caracteriza
o que considera ausência de perspectiva reinante, em meio à crise global, um
amigo de muita leitura e frequentes questionamentos, em geral procedentes.
Talvez não exatamente em transe, pois a
vida segue - retruco.
Mas concordo que depois do surto de
crescimento e de relativo progresso experimentado no pós-Guerra, já completamos
cerca de seis décadas em que as crises cíclicas do capitalismo vêm se tornando
mais amiúdes, na esteira do incremento de novas tecnologias aos sistemas
produtivos e, concomitantemente, da persistente queda da taxa média de lucro -
com reflexos sobre todo o sistema, que carece da reprodução consistente do
capital na esfera produtiva.
A financeirização em toda a linha, que
caracteriza nossos dias, sob o império do capital rentista, produz bolhas de
acúmulo de riqueza, digamos virtual, cinco vezes maior do que toda a produção
real na face da Terra.
Daí resulta instabilidade econômica,
financeira, militar, cultural e política. E uma crise de perspectiva.
Como previu no final dos anos noventa o
líder comunista João Amazonas, "o século XX será de trevas e luzes. Nas
primeiras décadas, predominarão as trevas, em seguida o mundo conhecerá novo
surto de transformações sociais."
A crise global que tomou corpo em 2008
e não dá sinais de superação, agudiza a instabilidade geral e está na base da
onda obscurantista que assola os cinco continentes.
Do terrorismo de inspiração
fundamentalista às guerras regionais, incluindo a contaminação de todas as
economias nacionais pelo gás venenoso do rentismo.
Mas a produção científica não cessa, a
efervescência social e política se amplia e o debate em busca de saídas envolve
militantes e estudiosos em todo o mundo.
O Brasil é parte desse redemoinho. Como
todas as nações, com virtudes e defeitos.
Dois fatos tomados ao acaso refletem
esse cenário.
Na esfera mundial, a riqueza
acumulada por 1% da população mundial, os mais ricos, supera a dos 99%
restantes (dados de 2015), conforme se divulgou às vésperas do Fórum de Davos.
O sistema que assim se desenha não pode persistir ad infinitum, suas próprias
contradições darão lastro às transformações que virão.
No plano nacional, o juiz substituto da
3ª Vara Federal do Rio, Vitor Barbosa Valpuesta, aceitou a denúncia do
Ministério Público Federal sobre pagamento de propina da empresa holandesa SBM
Offshore a funcionários da Petrobras e confirma que casos de corrupção na
estatal começaram por volta de 1999, no governo de Fernando Henrique Cardoso
(PSDB). Ou seja, a investigação de casos de corrupção agora poderão se fazer de
forma mais abrangente, e não pontual e seletiva.
É a vida.
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