10 maio 2020

E o futebol depois da pandemia?


Pandemia aumenta as dúvidas e incertezas

No futebol e na vida, tudo está indefinido

Tostão, Folha de São Paulo

Se a vida é feita de dúvidas —só os ignorantes sabem tudo—, imagine a incerteza sobre essa pandemia, causada por um vírus agressivo, invisível e traiçoeiro. Por outro lado, tudo o que acontece hoje no Brasil, com o aumento do número de infectados e de mortos, foi antecipado pelos especialistas, no início da tragédia, que poderia ocorrer.
Em todo o mundo, na comparação entre cidades, estados e países próximos, quem realizou um isolamento social bem feito, desde o início da epidemia, como Belo Horizonte, reduziu o tamanho da tragédia.
Apesar do enorme conhecimento da ciência médica, tudo está indefinido. Quando haverá uma vacina segura e eficienteQuando será o pico da doença em cada cidade, estado ou país? As datas mudam a cada semana. É obrigatório ter um pico? Quando voltarão as aulas? As crianças e os pais estão impacientes. De quanto será o rombo, a queda, da economia? Certamente, todos perderemos.
Quando tudo voltará à normalidade ou ao novo normal? Teremos grandes transformações no mundo e nas pessoas? Os otimistas dizem que o ser humano será melhor, mais solidário, enquanto os pessimistas falam que aumentará a depressão e o niilismo, a descrença absoluta em tudo.
O ateu e realista Freud disse que as pessoas só se tornam mais felizes quando compreendem e aceitam a finitude humana, a transitoriedade das coisas.
Será que os governantes brasileiros, enfim, vão perceber que já vivíamos outra tragédia, a da miséria, com quase metade da população vivendo em lugares sem saneamento básico?
Isso contribui demais para o avanço da epidemia.
Quando voltarão as partidas de futebol? Teremos jogos com público até o fim do ano? Ninguém sabe. Dizem que, pelo novo normal, os jogadores serão proibidos de se abraçar após o gol e que todos jogarão de máscara, com o escudo do clube, para não haver trocas quando as duas caírem ao chão ao mesmo tempo.
Quando poderei viajar, ir ao cinema, ao teatro, a restaurantes? Quando irei, aos sábados, à Savassi, escutar música ao vivo, tomar uma bebida e me encontrar com alguns companheiros?
Quando darei um beijo e um abraço apertado em meus filhos, meus netos e em todas as pessoas queridas? O tempo é incerto.
Quando será a estreia da seleção brasileira nas eliminatórias? Há dúvidas. Daniel Alves fez, dias atrás, 37 anos. Ele estará na próxima Copa? Ninguém sabe. Terá 39, perto dos 40. Se já tivesse 40 na época do Mundial, certamente, não iria, pelo policiamento e pelo preconceito de que, com 40 anos, somente na pelada de domingo.
Para substituir Daniel Alves, se for necessário, prefiro Rafinha, pelo que joga no Flamengo e pelo que jogou no Bayern. Apesar de ter sido reserva por muito tempo no time alemão, sempre que entrava, jogava bem. Com Guardiola, o craque Lahm, lateral direito, passou a jogar no meio-campo, e Rafinha virou titular.
Na seleção brasileira, Daniel Alves pode jogar também no meio-campo, como faz no São Paulo. As posições e funções estão próximas, já que, na seleção, ele é também um armador pela direita, mais aberto. As coisas mudam se ele tiver de marcar um ponta veloz e driblador.
Lahm era mais completo, pois era excepcional na marcação e no apoio. Nunca o vi deixar um grande espaço em seu setor nem errar um passe mais fácil. Possuía uma excepcional técnica. Já Daniel Alves se destacou mais pela habilidade e pela criatividade. Quem é melhor? Não sei.

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