Alumbramento
Chico de Assis
Eu te senti crescer
sobre mim
como no ventre
a pele escorregar
sobre meus dedos.
Não era minha
a boca me mordendo
nem meu o corpo em oferenda:
eram do espaço
e me envolviam
como a brisa sem se deter
ou o tempo sem passar.
Nossos olhos transmitiam
códigos inalcançáveis
pelo rumor reticente
de nossas frases.
A voracidade da noite
dominava meu corpo
enquanto o semi-circulo
da manhã deixava
em meia penumbra
ou lânguida preguiça
o alvorecer da carícia.
Mas foi na fronteira da tarde
que o exilado de longos anos
abandonou o mar
de sua angústia
e ancorou no infinito
do seu sonho.
sobre mim
como no ventre
a pele escorregar
sobre meus dedos.
Não era minha
a boca me mordendo
nem meu o corpo em oferenda:
eram do espaço
e me envolviam
como a brisa sem se deter
ou o tempo sem passar.
Nossos olhos transmitiam
códigos inalcançáveis
pelo rumor reticente
de nossas frases.
A voracidade da noite
dominava meu corpo
enquanto o semi-circulo
da manhã deixava
em meia penumbra
ou lânguida preguiça
o alvorecer da carícia.
Mas foi na fronteira da tarde
que o exilado de longos anos
abandonou o mar
de sua angústia
e ancorou no infinito
do seu sonho.
[Ilustração: Tereza Costa Rêgo]
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