Agroecologia é vida
Cida
Pedrosa*
Agroecologia urbana vai
além de cultivar hortas nas cidades. Na verdade, é um instrumento de
transformação social, um movimento
político em que os envolvidos plantam alimentos saudáveis e lutam pelo direito
à alimentação adequada. Nesse engajamento, acabam contribuindo também para
melhorar a saúde do planeta. Para valorizar essa prática, a Câmara de
Vereadores do Recife aprovou um projeto de lei de nossa autoria que cria o Dia Municipal
da Agroecologia Urbana, a ser celebrado em 3 de outubro. Também conseguimos
aprovar um requerimento, instando o poder executivo a implementar o programa
municipal de crédito popular de incentivo à agroecologia urbana.
A opção por sistemas agrícolas sustentáveis vai beneficiar
muito o Recife nesses tempos em que as mudanças climáticas já exibem seus
efeitos nocivos sobre o planeta. Afinal, nossa cidade é uma das que mais devem
ser afetadas com as alterações no clima, segundo o Painel
Brasileiro de Mudanças Climáticas. A
agroecologia pode reduzir os danos ambientais, causados por um modelo de
desenvolvimento capitalista predatório, tornando as pessoas mais conscientes
dos seus hábitos e do uso racional de recursos naturais como a água.
Também
podemos encontrar na agroecologia soluções para a questão urgente da insegurança
alimentar, que adquiriu contornos dramáticos com a advento da pandemia do novo
coronavírus, que trouxe uma grave crise econômica a reboque.
Um
levantamento feito por pesquisadores da Universidade Livre de Berlim (Alemanha),
em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade de
Brasília, entre agosto e dezembro de 2020, apontou que 59,4% dos domicílios brasileiros estão em situação de insegurança
alimentar. A situação mais grave era justamente do Nordeste, onde em
73,1% dos lares as pessoas não tinham certeza se teriam o que comer no dia
seguinte ou, se tinham, os alimentos disponíveis eram de baixa qualidade nutricional.
Já
existe disposição do poder público de apoiar projetos voltados ao plantio na
cidade. Em março, a prefeitura promoveu o I Seminário de Agroecologia Urbana do
Recife para mapear iniciativas de agricultura urbana, articulando instituições,
levantando dados e refletindo sobre projetos e práticas existentes, além de
coletar sugestões e propostas para a construção do Plano de Agroecologia Urbana
do Recife.
É
tarefa inadiável dos gestores públicos, políticos e da sociedade buscar saídas
para sanar o problema da insegurança alimentar e o caminho passa,
necessariamente, pela agroecologia urbana. Afinal, experiências passadas já
provaram que modelos agrícolas baseados em monocultura, em uso de sementes de
grande rendimento, fertilização e pesticidas teve um custo altíssimo para o
planeta, com a contaminação do solo e a redução da biodiversidade.
Assim, é preciso promover
atividades agrícolas sustentáveis e apoiar iniciativas de criação de hortas
urbanas e quintais produtivos, que não só vão colaborar para acabar com a fome,
mas melhorar a qualidade de vida das pessoas, a partir da produção e consumo
consciente de alimentos saudáveis, sem contar que essas iniciativas ainda
promovem integração social e empoderam as comunidades.
*Cida Pedrosa é vereadora do Recife pelo PCdoB
Veja: Mais
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