02 outubro 2021

Por uma vida saudável


Agroecologia é vida
Cida Pedrosa*

 

Agroecologia urbana vai além de cultivar hortas nas cidades. Na verdade, é um instrumento de transformação social, um movimento político em que os envolvidos plantam alimentos saudáveis e lutam pelo direito à alimentação adequada. Nesse engajamento, acabam contribuindo também para melhorar a saúde do planeta. Para valorizar essa prática, a Câmara de Vereadores do Recife aprovou um projeto de lei de nossa autoria que cria o Dia Municipal da Agroecologia Urbana, a ser celebrado em 3 de outubro. Também conseguimos aprovar um requerimento, instando o poder executivo a implementar o programa municipal de crédito popular de incentivo à agroecologia urbana.

A opção por sistemas agrícolas sustentáveis vai beneficiar muito o Recife nesses tempos em que as mudanças climáticas já exibem seus efeitos nocivos sobre o planeta. Afinal, nossa cidade é uma das que mais devem ser afetadas com as alterações no clima, segundo o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas.  A agroecologia pode reduzir os danos ambientais, causados por um modelo de desenvolvimento capitalista predatório, tornando as pessoas mais conscientes dos seus hábitos e do uso racional de recursos naturais como a água.

Também podemos encontrar na agroecologia soluções para a questão urgente da insegurança alimentar, que adquiriu contornos dramáticos com a advento da pandemia do novo coronavírus, que trouxe uma grave crise econômica a reboque.

Um levantamento feito por pesquisadores da Universidade Livre de Berlim (Alemanha), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade de Brasília, entre agosto e dezembro de 2020, apontou que 59,4% dos domicílios brasileiros estão em situação de insegurança alimentar. A situação mais grave era justamente do Nordeste, onde em 73,1% dos lares as pessoas não tinham certeza se teriam o que comer no dia seguinte ou, se tinham, os alimentos disponíveis eram de baixa qualidade nutricional.

Já existe disposição do poder público de apoiar projetos voltados ao plantio na cidade. Em março, a prefeitura promoveu o I Seminário de Agroecologia Urbana do Recife para mapear iniciativas de agricultura urbana, articulando instituições, levantando dados e refletindo sobre projetos e práticas existentes, além de coletar sugestões e propostas para a construção do Plano de Agroecologia Urbana do Recife.

É tarefa inadiável dos gestores públicos, políticos e da sociedade buscar saídas para sanar o problema da insegurança alimentar e o caminho passa, necessariamente, pela agroecologia urbana. Afinal, experiências passadas já provaram que modelos agrícolas baseados em monocultura, em uso de sementes de grande rendimento, fertilização e pesticidas teve um custo altíssimo para o planeta, com a contaminação do solo e a redução da biodiversidade.

Assim, é preciso promover atividades agrícolas sustentáveis e apoiar iniciativas de criação de hortas urbanas e quintais produtivos, que não só vão colaborar para acabar com a fome, mas melhorar a qualidade de vida das pessoas, a partir da produção e consumo consciente de alimentos saudáveis, sem contar que essas iniciativas ainda promovem integração social e empoderam as comunidades.

*Cida Pedrosa é vereadora do Recife pelo PCdoB

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