Abel Ferreira, do
Palmeiras, foi de besta a bestial na classificação à final
Depois do
River Plate, técnico conseguiu eliminar outro time melhor que o dele na
Libertadores
Juca Kfouri,
Folha de S. Paulo
O Palmeiras perdia
do Atlético Mineiro e via o sonho do tricampeonato continental virar pesadelo
agravado pela perda do Dérbi três dias antes.
Vargas havia feito 1 a 0, perdido o 2 a 0 miseravelmente e nada
indicava que o reativo time alviverde fosse capaz de fazer o gol que valeria a
passagem para Montevidéu, 27 de novembro, um sábado.
O lusitano Abel Ferreira,
então, tirou o atacante Rony e pôs Gabriel Veron, para passar a ser
chamado de burro pelas redes antissociais palmeirenses.
Pois na primeira bola que o garoto de 19 anos pegou, deu um
chega pra lá em Nathan Silva e passou na medida para Dudu empatar 1 a 1 e
classificar o Palmeiras.
Ferreira de besta virou bestial como um dia disse o técnico
brasileiro Otto Glória (1917-1986), que brilhou exatamente em Portugal, como
treinador do Benfica e da seleção portuguesa, terceira colocada na Copa do Mundo de
1966, na Inglaterra.
O 0 a 0
horroroso do jogo de ida entre Palmeiras e Galo virou jogada de
mestre, como se, de fato, tivesse controlado o jogo, muitos esquecidos do
pênalti desperdiçado por Hulk.
Não faz mal —e nem é hora de procurar motivos para criticar.
Por duas temporadas seguidas Ferreira eliminou nas semifinais
times melhores que o dele, o River Plate e o Atlético, também porque a sorte
esteve do lado dele.
A rara leitora e o raro leitor têm alguma coisa contra um gajo
de sorte? Prefere um azarado?
Ora, bolas!
Abel Ferreira além de bestial é sortudo.
Quem não quer um treinador assim para chamar de seu?
Ah, de fato, o Palmeiras continua sob o risco de terminar o ano
sem taça nenhuma.
Mas eu, se fosse você, não apostaria nisso.
TIROS N'ÁGUA
A possibilidade de os clubes
brasileiros venderem seus direitos de transmissão para o maior número de
veículos e plataformas é alvissareira.
Trocar o certo pelo incerto pode até alcançar bons resultados no
futuro, mas é preciso não prometer o céu principalmente quando a situação é
infernal.
É evidente que as recentes perdas da até então dona do
espetáculo, a Globo, têm muito mais a ver com o incentivo do governo federal,
que a escolheu desde antes de ser eleito como a inimiga a ser dobrada, do que
com saudáveis novos hábitos nas negociações.
Golpes duros têm sido desferidos na Globo, só que as principais
vítimas são… os clubes.
Na temporada passada, Marcelo Campos Pinto, ex-Globo e
personagem do Fifagate, vendeu o arco-íris para os cariocas em seu campeonato
estadual, entregou menos da metade do que acenou e hoje, candidamente,
reconhece que não existe parceiro melhor no pagar-para-ver que… a Globo.
Para quem torce pela morte dos estaduais, é ótimo saber que a Record comprou
o Paulistinha, porque pode ser o começo do fim —basta dizer que a Libertadores,
no SBT, tem perdido para as novelas globais.
Os contratos fechados pela FPF, incluídos os jogos que serão
transmitidos pelo YouTube/Google, beiram quantias que não passam da metade do
que os clubes recebiam antes, porque o mundo mudou e o canto da sereia não
costuma ser entoado por gente séria.
Agora se anuncia
que a poderosa Warner desistiu dos direitos que tinha até 2024, do Campeonato Brasileiro.
Já não exibirá o do ano que vem —e não deve ser porque está sendo bem-sucedido
neste.
Enfim, este mundo é nebuloso e quem avisa amigo é: devagar com o
andor que o santo é de barro.
Veja: Mais
do que nunca vale o diálogo sem preconceitos https://bit.ly/3kbDHqq
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