Lula
na Europa e a plataforma de unidade
Luciano Siqueira
O périplo de Lula pela Europa repercute amplamente. A recepção calorosa no
Parlamento Europeu e a acolhida, com honras de chefe de estado, que lhe
conferiu o presidente da França, Emmanuel Macron, acentuam o contraste com
as viagens do presidente Jair Bolsonaro, condenado a um constrangedor
isolamento.
Mas para além, digamos, das implicações políticas imediatas, cabe acentuar a
absoluta necessidade de se destacar numa pretendida plataforma que possa unir
amplas e diferenciadas forças políticas no evento eleitoral próximo, a retomada
da política externa soberana e propositiva.
Evidentes são as limitações impostas ao Brasil, sobretudo pelos efeitos de
políticas macroeconômicas que não rompem o cordão umbilical com os ditames
neoliberais. Mesmo no período exitoso de Lula e Dilma (no primeiro governo).
Temos sim potencialidades para ocupar lugar de destaque numa cena mundial em
transição para um novo desenho geopolítico marcado pela ascensão de novos polos
de influência.
Urge uma linha de desenvolvimento nacional calcada na preservação de nossa
soberania e na hábil exploração de contradições entre forças de grande influência que
se digladiam, com repercussões na troca de mercadorias e de ativos científicos
e tecnológicos.
Não é aceitável que tenhamos alcançado, em décadas recentes, o patamar de
oitava economia do mundo e nos mantenhamos essencialmente exportadores de
produtos primários e commodities e quase nada de manufaturados.
Em anotações em debate no PCdoB a propósito do tema, se tem assinalado que, sem
alinhamento automático com os EUA ou qualquer outro interlocutor comercial e
diplomático, será possível retomar a política externa independente,
diversificando e ampliando o intercâmbio comercial e acordos de cooperação multilateral.
Deve jogar papel saliente a nossa presença nos BRICS – hoje reduzida a uma
postura quase protocolar e burocrática – e parceria crescentemente vantajosa
com a China.
Na esteira dessa postura, o Brasil pode sim retomar o papel saliente que lhe
cabe no subcontinente sul-americano e nas relações com os países da América
Central e Caribe. .
Em que medida poderemos avançar nessa linha de proposições dependerá da
composição de forças que venha a se formar no pleito presidencial.
.
Veja: Você dá mote e a
gente comenta https://bit.ly/2YS51Di
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