Subproduto
tático da batalha prolongada
Luciano
Siqueira
Pela
enésima vez, confirma-se a apreciação de Karl Marx, no "18 Brumário",
de que o evolver da situação política muitas vezes escapa ao desejo subjetivo
dos atores em cena.
Variáveis da "maldita" realidade concreta
definem o curso dos acontecimentos.
E, objetivamente, a luta coloca problemas e desafios que terminam por reforçar
conceitos frequentemente contestados pelos menos avisados.
Agora, no Brasil do segundo turno da disputa presidencial entre Lula e
Bolsonaro, o postulado tático leninista — unir todas as forças do nosso campo,
atrair forças do campo adversário ou eventualmente indecisas e neutralizar
aquelas que porventura não possam ser atraídas e isolar, enfraquecer e derrotar
o inimigo principal — afirma-se, na prática, de maneira incontestável.
Reúne-se em torno da candidatura do ex-presidente Lula a frente talvez mais
ampla de que se tem notícia na história do Brasil, numa peleja eleitoral.
Quando se construiu, corretamente, a ponte que possibilitou a composição da
chapa tendo como candidato à vice-presidência o ex-governador paulista Geraldo
Alckmin, outrora tucano e atualmente integrante do PSB, não foram poucas as
vozes situadas à "esquerda" que resistiram.
E assim se repetiu quando novas personalidades ou grupos situados no centro
político aderem ao projeto de resistência ao neofascismo representado pelo
atual presidente da República.
Mas o infantilismo reducionista ainda se manifesta aqui e acolá, como se fosse
possível uma proeza jamais alcançada: a vitória de uma coalizão apenas composta
pela própria esquerda.
Nunca aconteceu, nem acontecerá - sobretudo numa quadra tão adversa, mundial e
nacionalmente - num país da dimensão e da complexidade da nossa amada terra
brasilis.
Assim estamos construindo a vitória em 30 de outubro,
que uma vez concretizada de pronto nos colocará diante de outro desafio —
igualmente complexo e de natureza tática: as possibilidades e os limites do
hipotético futuro governo Lula, tendo em conta a correlação de forças no
interior do próprio governo e no âmbito da sociedade.
Tarefa nada fácil — que desafia os profissionais e dispensa o esperneio dos
sectários e principiantes.
Leia também: Na boca da
urna, qual programa? https://bit.ly/3fplfvA
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