BATALHA VOTO A VOTO
Na luta por novos votos, Jair agarrou os vistosos apoios dos
governadores de São Paulo e de Minas Gerais, estados que são potências
eleitorais, e causou natural impacto. Lula recebeu as declarações de votos do
PDT (incluso aí Ciro Gomes), Cidadania, e parte do PSDB (inclusive Fernando
Henrique Cardoso, José Serra, Tasso Jereissati e Teotônio Vilela Filho), além
de Simone Tebet, com parcela expressiva do MDB.
Aparentemente Jair teria avançado mais por conta dos
governadores Zema e Garcia estarem no poder, esferográfica a punho. A comemoração
antecipada da extrema-direita, entretanto, está equivocada. A principal questão
é a seguinte: em quem Zema e Garcia votaram para presidente no primeiro turno?
Tudo indica que ambos concentraram seus eleitorados em Jair já em 2 de outubro.
Se assim tiver sido, dos 6 milhões de votos conquistados por Zema, a maior
parte está nos 5,2 milhões de votos de Bozo em Minas Gerais; e os 12,2 milhões
de votos dados ao ex-capitão em São Paulo contêm boa fatia dos 4,3 milhões dos
votantes em Rodrigo Garcia (somados a maior parte dos 9,8 milhões de Tarcísio).
É mais dos mesmos, ou não?
Nas disputas pelos governos estaduais cada caso precisa ser
analisado separadamente. Por exemplo: se, em São Paulo, o mito arrisca a não
ganhar nada expressivo com o apoio de Rodrigo Garcia (por já ter os votos dele
no 1º turno), o quadro é diferente, e mais negativo, para Haddad. Afinal, os
4.296.293 sufrágios de Garcia são genuinamente votos novos que entrarão na
caçapa de outro candidato em 30 de outubro.
O que pode prejudicar Lula é a sensação de que “é fácil”
acrescer 1,3% + 1 voto e que não vai perder nenhum dos 57.259.504 votos
duramente conquistados no primeiro turno. Ilusão. A militância antifascista
precisa imaginar que sua chapa Lula/Alckmin está em segundo lugar, que pode
perder por meia dúzia de votos, e daí multiplicar os esforços pela conquista de
cada voto novo. Jair Messias é um candidato poderoso, conta com rios de
dinheiro do Orçamento Secreto, conta com o sigilo centenário para suas
falcatruas e conta com o desespero total de sua quadrilha – e isso vale mais
que Zema e Garcia juntos.
Em torno de Lula & Alckmin se forma a mais ampla frente
antifascista e antiautoritária da história do Brasil e, provavelmente, da
América Latina. Momento histórico. Mas o mito tosco e autoritário conta com
bilhões do Orçamento Secreto, com a caneta azul federal e com a crença
inabalável que tem o poder da impunidade.
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