Razão e emoção no
segundo turnoLuciano Siqueira, Vermelho www.vermelho.org.br
Essa parece ser uma
marca comum a todas as democracias liberais burguesas mundo afora: no embate
eleitoral decisivo, a razão cede quase todo o espaço à emoção e esta é
alimentada por agressões mútuas.
No Brasil sempre foi
assim. No âmbito dos estados e na eleição nacional, com ocasionais exceções.
Desta vez, no
confronto terminal entre Lula versus Bolsonaro, "do pescoço para cima é
canela", como se diz na gíria das peladas de futebol.
Tanto no programa de
horários fixos, pela manhã e à noite, como nas inserções que se repetem na TV e
no rádio durante o dia.
Palavras e imagens
grosseiras e agressivas ofuscam proposições destinadas a tirar o país da crise.
E a conquistar o eleitorado.
A campanha de
Bolsonaro exagera no expediente sem nenhum limite.
A campanha de Lula,
embora dê espaço as falas do ex-presidente a propósito de linhas gerais e
propostas pontuais acerca do seu provável futuro governo, também entra duro e
de modo ultra agressivo contra o atual presidente.
Parece a disputa
entre Joe Biden versus Donald Trump, dramático espetáculo recente, próprio do
grande império decadente.
Ganharia a nação
brasileira, sobretudo o povo, se o confronto se desse prioritariamente entre
ideias e proposições concretas. O eleitor faria sua escolha de modo mais
consciente e, esclarecido, elevaria o seu nível de consciência política.
Teria como Lula evitar
esse espetáculo de sangue e lama? Creio que não. Salvo correndo o risco de
aparentar defensiva diante das agressões e das mentiras disseminadas pela campanha
do atual presidente da República.
Passaria uma
impressão de fragilidade — e provavelmente perderia votos por isso.
Obviamente sem o
alcance nem a repercussão das mensagens veiculadas pela TV, a militância
esclarecida pode e deve abordar os conteúdos "programáticos" na busca
do voto consciente. No corpo a corpo e nas redes.
Ironicamente, será
após o pleito que a nação tomará conhecimento das ideias programáticas que
lastrearão o futuro governo, justo no período de transição e de montagem do
ministério.
E, em certa medida, ainda
na campanha, nos debates entre os candidatos, desde que conduzidos com um
mínimo de tempo necessário para que os contendores possam expressar suas
ideias.
Leia também: Quanta mais ampla, melhor. Rumo à vitória https://bit.ly/3RBdVuc
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