Governo
Lula precisa da sociedade mobilizada
Luciano Siqueira
Nas eleições de
ontem para a presidência das duas Casas do parlamento é correto dizer que o
governo ganhou.
Pois ganhou mesmo.
Na Câmara, a quase
unanimidade conquistada pelo deputado Artur Lira, reeleito presidente, foi
fruto não apenas de sua base originária no centrão, mas também de acordo
celebrado com as bancadas dos partidos que apoiam o governo.
Esse acordo engloba a composição da mesa diretora e postos chaves, como a
presidência de comissões, a exemplo da estratégica Comissão de Constituição e
Justiça.
Engloba também o
compromisso de uma condução democrática dos trabalhos legislativos, com real
observância das normas regimentais.
O mesmo acontece no
Senado, onde se reelegeu o presidente Rodrigo Pacheco.
Mas isso não
significa tapete vermelho para as proposições oriundas do governo.
A governabilidade,
em ambas as Casas, será uma construção cotidiana.
Na agenda, matérias
consideradas sensíveis — como a sustentabilidade ambiental e o enfrentamento
das mudanças climáticas, incluindo a defesa da Amazônia e demais biomas.
Ou a prometida
reforma tributária.
Ou ainda os ajustes
na legislação trabalhista.
A extrema direita e
o centro conservador poderão oferecer muitas dificuldades à tramitação de cada
proposição advinda do Planalto.
Na correlação de
forças atual, apenas o expediente da negociação, por mais habilidosa e
eficiente que seja, em muitos casos provavelmente não garantirá a soma de votos
necessária.
Na aprovação de PECs
(proposta de emenda constitucional) mais ainda, pois exige maioria qualificada
de dois terços.
Será danoso se a
agenda da reconstrução nacional ficar circunscrita às relações entre o Executivo
e o Legislativo, permeadas por concessões para além do razoável.
A eleição do
presidente da República se estribou em ampla mobilização política e social,
comportando alianças as mais diversas. Uma frente ampla ativa.
A gravidade da crise
em que a nação está mergulhada, sobretudo como herança dos desastrosos quatro
anos de Bolsonaro, acrescida do frustrado golpe do dia 8 de passado,
potencialmente estimulam a mobilização da sociedade por muitas e diversificadas
formas. Nos salões e nas redes e também nas ruas, quando necessário.
Para além dos
interesses corporativos.
A começar do debate
amplo e atento a cada matéria relevante em tramitação no parlamento.
Numa correlação de
forças complexa, essa mobilização poderá fazer a diferença.
No cotidiano, todos os sonhos do mundo https://bit.ly/3Ye45TD
Nenhum comentário:
Postar um comentário