Bebo quase nada e vou vivendo
Luciano Siqueira
Leio agora que um em cada quatro brasileiros (23,7%) com 60 anos ou mais consome álcool. E que 6,7% (aproximadamente 2 milhões de idosos) dizem consumir diversas doses de uma só vez, ou seja, adotam um padrão de consumo considerado abusivo, conhecido como binge drinking.
A matéria do jornal O Globo ainda assinala que 3,8% (mais de 1 milhão) costumam beber, em uma semana típica, entre 7 a 14 doses por semana, quantidades que podem colocar em risco a saúde.
Isso de acordo com estudo conduzido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), publicado nas revistas científicas Substance Use & Misuse e BMJ Open.
Confesso que não sabia que o alcoolismo (se assim posso classificar o fenômeno) envolve tanta gente da minha faixa etária em nosso país abençoado por Deus.
Talvez porque não frequento rodas de amigos à mesa de bar. Prefiro a conversa em cafés no transcurso da tarde.
Concluídos meus compromissos, corro para casa. Tem sido assim ao longo das décadas que já vivi.
Em casa, à noite, no máximo uma taça de vinho ou uma dose de uísque enquanto leio, escrevo ou vejo TV.
O uisque merece uma segunda dose quando o filme vale a pena. Não mais do que isso.
Na verdade, contando com um episódio na adolescência e uns três na idade adulta, não me recordo ter me embriagado pra valer.
Nem mesmo no carnaval.
Essa abstinência parcial seria suficiente para me sentir marginal, a julgar pelo estudo da Unifesp.
Mas nunca me senti assim. Mesmo quando numa roda em que todos bebem e prefiro água mineral com gás, gelo e limão não me vejo excluído.
Tanto que a voz de Elizeth Cardoso, a “divina”, assegurando “Eu bebo sim/Eu 'to vivendo/Tem gente que não bebe/E 'tá morrendo” nunca me comoveu.
Se é para aliviar a alma castigada por uma jornada de trabalho exaustiva, prefiro ler um poema ou uma boa crônica.
E sigo vivendo.
Para além do horizonte visível https://bit.ly/3Ye45TD
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