O Menino Maluquinho: como nasceu o mais famoso personagem de Ziraldo
Moleque que não tira sua panela-chapéu da cabeça surgiu enquanto cartunista fazia a barba
O Globo
O Menino Maluquinho faz aniversário na mesma data que seu pai, o cartunista Ziraldo, que morreu neste sábado (6), aos 91 anos. Ziraldo nasceu em Caratinga (MG) em 24 de outubro de 1932. Décadas depois, em 24 de outubro de 1980, Ziraldo apresentou ao Brasil o menino que, com muita graça e uma inconfundível panela-chapéu, mostrou como driblar o pessimismo e a monotonia.
Ziraldo contava que inventou o Menino Maluquinho enquanto fazia a barba e conversava consigo mesmo em frente ao espelho. Muito tempo antes já ruminavam em sua cabeça as memórias de infância, as relações com a família, a vida de menino... As demais características foram surgindo aos poucos: a panela na cabeça, o gosto pela poesia, e o talento de goleiro que agarra tudo, menos o fim da infância. Quando o personagem ganhou vida, o sucesso surpreendeu seu próprio criador.
“Era vez um menino maluquinho. Ele tinha o olho maior que a barriga. Tinha fogo no rabo, tinha vendo nos pés”, diz a abertura do livro “O Menino Maluquinho”, que esgotou em quatro meses. Maluquinho ganhou uma turma inteira para brincar: sua namoradinha Julieta, a Juju (ela estrelou até uma revistinha própria no começo nos anos 2000); Bocão, seu melhor amigo; a certinha e romântica Carolina; Lúcio, o intelectual da turma; o baixinho Junim, que fica chateado quando implicam com ele; a bela e cobiçada Shirley Valéria; e o valentão Herman.
Em 2020, quando se tornou um respeitável quarentão, Maluquinho já havia tido 129 edições, vendido quatro milhões de exemplares e viajado para mais de uma dezena de países. Também conquistou fãs renomados, como o poeta Carlos Drummond de Andrade, cujas colunas no Jornal do Brasil eram ilustradas por Ziraldo.
“O Menino Maluquinho” foi adaptado para cinema, teatro, ópera, histórias em quadrinhos e uma série animada da Netflix. A Melhoramentos, editora do Menino, também publicou várias histórias do Bebê Maluquinho, além de livros de piadas, de receitas, de jogos, de dietas, de informática e até de hai-kais estrelados pelo moleque e sua panela-chapéu.
— Acredito que o Maluquinho teve esse alcance durante tanto tempo por despertar identificação nos leitores — disse Ziraldo ao GLOBO em meio as celebrações dos 40 anos de seu filho mais célebre. —As crianças olham para o personagem e pensam: “Opa, isso é comigo”, ou “eu sei o que ele está sentindo”. Acho que o principal é fazer as crianças se emocionarem e verem isso como uma coisa boa.
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