Ao receber plano sobre IA, Lula diz que Brasil é grande e precisa ter ousadia
Na abertura da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, presidente também salientou que Plano Brasileiro de Inteligência Artificial é histórico para o país
Priscila Lobregatte/Vermelho
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta terça-feira (30), em Brasília, da abertura da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), que também foi marcada pela entrega do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA).
Em seu pronunciamento, dirigindo-se aos cientistas presentes que trabalharam no plano, Lula salientou: “O que vocês fizeram hoje, de me entregar um documento sobre uma inteligência artificial (IA), pensada pela universidade brasileira, pensada pelos cientistas brasileiros, é um marco neste país. O dia de hoje é marcante para a sociedade brasileira”.
Lula também salientou que “o Brasil precisa aprender a voar. Nós somos grandes. Nós temos inteligência. O que nós precisamos é ter ousadia de fazer as coisas acontecerem”.
Segundo o presidente, na próxima semana, ele se reunirá com ministros para apresentar o plano e tomar as providências necessárias para colocá-lo em prática.
Inteligência Artificial
Ao falar sobre o significado e o caráter da IA, Lula criticou as grandes empresas de tecnologia que controlam as redes sociais e usam esse tipo de ferramenta sem o consentimento do usuário e ferindo direitos individuais.
“Por que ‘inteligência artificial’ se pode ser manipulada pela inteligência humana? No fundo, é a inteligência humana que pode aperfeiçoá-la, porque a IA nada mais é do que a gente ter a capacidade de fazer a coletânea de todos os dados — e temos as big techs que fazem isso sem pedir licença e sem pagar imposto e ainda cobram e ficam ricas divulgando coisas que não deveriam”, advertiu.
Lula também enfatizou a capacidade de o Brasil ter o seu próprio plano de IA: “Será que nós, um país de 200 milhões de habitantes, que já completou 524 anos, que tem uma base intelectual respeitada, que tem um povo tão generoso com uma diversidade tão extraordinária, esse país não pode criar seu próprio mecanismo, ao invés de ficar esperando vir de outros países?”.
Com relação à possibilidade de perda de empregos com a evolução e ampliação do uso da IA, Lula afirmou: “Fico muito assustado quando vejo matérias nos jornais dizendo que a IA pode causar 16 milhões de desempregados. Se é para isso, eu não quero. A nossa IA tem que ser de fato inteligente e a gente quer fazer dela uma fonte para gerar emprego, a gente quer formar milhões de jovens para esse debate”.
Lula também destacou que sua obsessão pela educação e pela implantação de universidades está relacionada ao fato dele não ter tido acesso ao ensino. “Por isso, quero que todos os brasileiros tenham oportunidade, independentemente da sua origem social, de onde ele nasceu, da sua cor; não quero saber se é evangélico ou católico, quero que tenha oportunidade. É este país que eu quero deixar como legado”, declarou.
Plano e conferência
A fala de Lula foi antecedida pela da ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos. Ao falar sobre o PBIA, Luciana enfatizou: “Este é um plano ousado, mas, ao mesmo tempo, viável; é robusto e é também factível porque tem um investimento público que se equipara ao da União Europeia”.
A proposta do PBIA foi aprovada na segunda-feira (29) durante reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT). O plano prevê R$ 23 bilhões em investimentos entre 2024 e 2028, com recursos de fontes como o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e setor privado.
O futuro da IA e as recomendações de novas políticas ligadas a essa tecnologia será um dos assuntos abordados na 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, cujo tema é “Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido”.
O evento, que termina na quinta-feira (1º), dará destaque a questões urgentes, como as mudanças climáticas, transição energética, financiamento da ciência, políticas de apoio à inovação nas empresas, transição demográfica, entre outros.
Serão mais de 50 sessões de debates, com nove agendas simultâneas por turno (manhã e tarde), além de sete plenárias — algumas das quais contarão com a presença de ministros.
A previsão é que o encontro, que teve todas as vagas presenciais esgotadas, receberá até 2,2 mil participantes por dia, além de mais de 2 mil virtuais. Ao longo do processo, segundo o governo, participaram cerca de 100 mil pessoas de todo o Brasil, em debates presenciais e virtuais.
Com informações do Palácio do Planalto
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