05 setembro 2024

Minha opinião: hoje

Meu aniversário 

Luciano Siqueira 

 

Hoje eu dou mais uma volta na espiral da vida: retornando ao ponto de partida e projetando mais um ano pela frente. Que desejo sejam muitos ainda! 

 

Muito por acaso, li outro dia na 'Superinteressante' que de acordo com o livro The Lore of Birthdays (“A Sabedoria dos Aniversários”, sem tradução em português), dos antropólogos americanos Ralph e Adelin Linton, aniversários merecem comemorações desde o Egito Antigo, ou seja, a moda surgiu por volta de 3000 a.C. 

 

E é um costume impregnado profundamente na sociedade brasileira. 

 

Custa-me crer que jamais eu tenha me acostumado com a comemoração, por uma razão muito simples: a timidez. 

 

Quando completei 4 anos de vida — incrível que o fato jamais tenha saído da minha mente! — ganhei de presente dos meus pais um par de sapatos pretos, de bico quadrado. Um luxo, aos meus olhos. Tanto que passei o dia andando para cima e para baixo dentro de casa admirando os próprios pés...

 

Meu aniversário sempre foi comemorado da maneira mais discreta possível. Em família. 

 

Umas poucas vezes, em razão da minha militância política e por insistência do Partido e amigos, fizemos festa em público, com muita gente. 

 

Nessas situações, me esforcei muito para disfarçar o incômodo por ser o centro das atenções. 

 

A minha timidez recomenda a discrição em toda linha.  

 

Tanto que só recentemente admiti comprar camisas de padronagem colorida. Sempre preferi cores e tonalidades neutras, próprias de quem gostaria de entrar e sair nos lugares sem ser notado.

 

Ouvi muitas vezes da minha mãe Oneide a advertência de que deveria deixar de ser tão "envergonhado", sob pena de me prejudicar muito na idade adulta. 

 

O fato é que sobrevivi e cá estou ativo no cumprimento dos meus deveres militantes e no bom exercício dos prazeres da vida. 

 

De modo que hoje comemoro da melhor maneira possível: café da manhã entre nós em casa, com filhas genros e netos. 

 

Mais: o prazer de receber por telefone, pelo WhatsApp e pelas redes sociais cumprimentos afetuosos de muita gente, que tento agradecer em tempo real. 


Com redobrada disposição de seguir inspirado em Cecília Meireles, para quem a vida deve ser vivida reinventada. 


E com a convicta ousadia de me autoproclamar etariamente envelhecido, porém emocional e politicamente mais renovado do que nunca!

[Ilustração: Bruno Steinbach]

Leia também: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2022/05/cronica-do-sabado.html

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