Empresários e trabalhadores apoiam atuação do governo Lula contra tarifaço
Sindicalistas entregaram a Alckmin o documento unitário “Propostas das Centrais Sindicais diante da Guerra Comercial: Soberania, Emprego e Desenvolvimento”
André Cintra/Vermelho
Representantes do governo Lula, do empresariado e dos trabalhadores selaram nesta quarta-feira (16) um pacto em defesa da soberania e da economia brasileira contra os ataques de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Num encontro de duas horas em Brasília, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ouviu a opinião de dirigentes de entidades patronais e de centrais sindicais sobre o tarifaço unilateral imposto por Trump.
“A reunião foi excelente”, declarou ao Portal Vermelho Flauzino Antunes, secretário nacional de Relações do Trabalho da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). “Há coesão e unidade entre todos os segmentos, o que é fundamental para termos uma solução negociada frente a essa crise. Alckmin mostrou que o governo continuará agindo com sabedoria em busca de uma saída que contemple as empresas exportadoras e os trabalhadores.”
Flauzino destacou que, diferentemente de reuniões anteriores, “todas as centrais puderam falar” e, de acordo com ele, “Alckmin mais ouviu do que falou”. Márcio Macêdo, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, também participou da conversa.
“Levamos ao governo essa preocupação de resolver a crise o mais rápido possível, mas sem truculência, nos marcos de uma negociação atenta à soberania. O Brasil precisa apostar no desenvolvimento e ter alternativas”, avalia Flauzino. A redução da taxa básica de juros (a Selic, hoje em 15%), o investimento na Nova Indústria Brasil (NIB) e o auxílio às empresas prejudicadas pelo tarifaço foram algumas das medidas que o dirigente da CTB apontou como necessárias para preservar a economia e manter empregos.
Na reunião, os sindicalistas entregaram a Alckmin o documento unitário “Propostas das Centrais Sindicais diante da Guerra Comercial: Soberania, Emprego e Desenvolvimento”. Segundo o texto, “a valorização do trabalho — eixo central de um projeto nacional de desenvolvimento — deve ser parte da solução”. Além do presidente da CTB, Adilson Araújo, o documento é assinado por dirigentes de outras cinco centrais (CUT, Força Sindical, UGT, CSB e NCST).
As entidades defendem um projeto “com inclusão e justiça social”, que garanta “geração e proteção de empregos, combate à precarização do trabalho e fortalecimento da capacidade de consumo das famílias por meio da valorização da renda do trabalho”. Na visão das centrais, a crise exige “uma resposta firme, responsável e coordenada, que amplie nossa cooperação internacional e fortaleça a capacidade interna de produzir e consumir”.
Comitê Interministerial
Se as ameaças de Trump se confirmarem, produtos brasileiros passarão a ter uma taxa de 50%, a partir de agosto, para entrar no mercado norte-americano. A medida não tem justificativa econômica, já que os Estados Unidos são o país com maior superávit na balança comercial do Brasil. Além disso, conforme Alckmin tem enfatizado, oito dos dez produtos que os EUA mais exportam para o Brasil não são taxados.
Em resposta, o presidente Lula instituiu o Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, que está sob coordenação de Alckmin. Ao longo da semana, o setor produtivo já havia participado de agendas com o vice-presidente e respaldado a postura assertiva do governo. Reservadamente, os empresários criticaram a família Bolsonaro e os governadores bolsonaristas, que tentaram usar a crise para responsabilizar e desgastar o presidente da República.
Nesta terça, antes de receber sindicalistas, Alckmin se reuniu com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Em vídeo publicado após a reunião, Alcolumbre afirmou que, para reagir à altura à agressão de Trump, o Brasil deve ser “liderado pelo Poder Executivo”, com apoio do Congresso. Foi mais uma derrota simbólica para o ex-presidente Jair Bolsonaro – e um avanço na luta contra o tarifaço.
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Elias Jabbour: "Quando até o Estadão se volta contra Trump e Bolsonaro" https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/07/elias-jabbour-opina.html
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