Uma equação equivocada
Luciano Siqueira, no Blog da
Folha
Quem apoia também critica - na intenção de corrigir erros, alterar a agenda. Como agora: o governo se equivoca ao colocar a reforma da Previdência na ordem do dia, como uma espécie de moeda de troca para aprovar o retorno (necessário) da CPMF.
Merece
a crítica.
O erro
é antes de tudo político: como manter e ampliar o apoio popular ferindo
interesses diretos da massa de trabalhadores?
Óbvio
que o movimento sindical deve se levantar contra a anunciada reforma. Muito
mais do que por dever corporativo; em defesa do desenvolvimento nacional.
Isto
porque os argumentos em favor de uma reforma da Previdência são inconsistentes
e livram a cara do principal culpado pela explosão da dívida pública: os juros
astronômicos, que beneficiam o setor rentista.
Estudiosos
isentos e não comprometidos com o "mercado" são unânimes ao afirmarem
que o nó górdio das contas públicas não está nos gastos com a Previdência, mas
sim nos juros, que entram no Orçamento como gastos correntes.
Em
2015, os juros altos levaram o governo a despender nada menos do que 501
bilhões de reais, equivalente a 80% do déficit público.
As
despesas com a Previdência, por seu turno, aumentaram apenas 6 bilhões de
reais, correspondente a 1,4%/ano.
Sabe
quanto os juros cresceram no mesmo período? 130 bilhões de reais! Isto
significa 21 vezes mais que o déficit decorrente das despesas previdenciárias.
Ao
final, justo o principal causador da crise global, que também nos atinge
duramente agora - o capital financeiro, o rentismo - sai premiado.
O mesmo
que vem acontecendo nos EUA e na Europa onde, desde final de 2007 e início de
2008 a crise global atual começou. Os que comandam a ultrafinanceirização da
economia extorquem a produção via usura, são os que têm o domínio das medidas
de enfrentamento da crise... por eles mesmos criada.
O Brasil
não pode entrar nessa. Será renunciar à continuidade do crescimento econômico com
expansão de postos de trabalho e respeito aos direitos fundamentais.
Pelo
que está posto, mais uma vez, na quebra de braço entre a especulação versus
produção, ganhará a especulação.
A usura
não leva o País à superação da crise, antes a agrava.
Cumpre
aos segmentos mais avançados da base do governo, a exemplo do PCdoB, e aos
movimentos sociais, pressionarem a presidenta Dilma para que mude essa infeliz
equação.
Imediatamente.
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