Palavra altiva em tempo de crise
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
Dias atrás, em artigo no jornal
O Globo, Paulo Nogueira Batista Jr., vice-presidente do Novo Banco de
Investimento, advertiu sobre o pessimismo exagerado predominante na cena
brasileira, em face da crise atual.
Segundo ele, “o
país, que há poucos anos era um sucesso internacional, parece ter perdido a
autoconfiança definitivamente. Esquece seus pontos fortes e proclama aos
quatro ventos seus pontos fracos. E, pior, demonstra satisfação
masoquista em proclamá-los. Em outras palavras, o complexo de vira-lata
voltou com força total. Era de se esperar. Um complexo assim secular não se
supera num passe de mágica, em poucos anos de sucesso.”
Ora a crise é global, pior do
que a grande débâcle de 1929, entra em sua quarta fase, atinge duramente os países
emergentes, inclusive o Brasil. Exige análise multilateral e, sobretudo,
atitude combativa.
Ontem, no Recife, na solenidade
de posse do novo presidente da seção regional do Sinaenco (Sindicato Nacional
das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva), tivemos uma mostra dessa
atitude aguerrida tão necessária.
O presidente empossado,
empresário Pedro Pereira, em seu discurso – uma peça consistente e de elegante
estilo – após registrar a gravidade da situação econômica atual, que atinge
inclusive o setor (38.601 postos
de trabalho extintos em todo o país em 2015), sugeriu a seus pares “não vestir
a roupa da crise”.
Para Pedro, “deixar–se
levar pelo redemoinho que a crise causa é se entregar às suas consequências,
permitindo que destrua os nossos ativos pessoais,familiares,profissionais,
empresariais e sociais.”
“Vamos
aproveitar a crise como uma grande oportunidade para criar soluções inovadoras,
deixar morrer o velho e suas mazelas para que o novo surja pujante em outro
patamar de evolução dos preceitos econômicos, ambientais, sociais,
empresariais, profissionais e pessoais.”, disse ele.
E a palavra do
presidente do Sinaenco não é apenas retórica.
Ele anunciou
ontem a instituição do Concurso “Projeto de Intervenções Urbanas Não Solicitadas”,
destinado a “lançar um olhar para a cidade do Recife e propor projetos de intervenções
urbanas com foco em dois cenários: na estruturação de espaços urbanos para
práticas esportivas, de lazer e de educação, visando a transformação social da
comunidade do seu entorno; e na melhoria da mobilidade urbana e transformação
de Recife numa cidade mais saudável.”
Serão premiados
os três melhores projetos, segundo avaliação criteriosa, em parceria com o CREA
e o CAU.
Um belo exemplo
de atitude proativa.
Um sinal de compromisso
com o desenvolvimento de uma cidade mais humana - economicamente progressista, fisicamente
organizada e socialmente justa.
De fato, ao
invés de “vestir a roupa da crise”, cabe a cada um contribuir para superá-la,
contornando a instabilidade política e unindo forças pela retomada do crescimento
econômico a partir da correta exploração de nossas imensas potencialidades.
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