12 julho 2018

Defender o quê?


Disputa eleitoral com os pés no chão
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10


Nunca foi tão necessário aos partidos e aos postulantes a cargos executivos sustentarem um discurso realista.

No Brasil dos nossos dias, a multifacetada crise que, pelas suas implicações econômicas e sociais, resulta em imenso mau humor e descrença em grande parcela do eleitorado.
Conversa mole não cola; nem artifícios midiáticos destinados a despertar uma emoção sem conteúdo em telespectadores e internautas.

Vale para a presidência da República e para os governos estaduais.

Em relação à disputa presidencial há uma inquietude generalizada entre os atores econômicos situados na parte extrema da pirâmide, as forças do mercado financeiro em particular, por não perceberem ainda um cenário claro. Receiam uma mudança de rumo no País.

E a bateria midiática hegemônica repete à exaustão que quem ocupar a presidência terá que resolver o déficit público e a inanição em investimento estatal na economia pela via da contenção de gastos (redução drástica das obrigações governamentais em relação às camadas mais necessitadas da população).

Ora, se estivéssemos diante de uma única e incontornável alternativa, com os auspícios do rentismo, sequer valeria a pena travar a luta política.

Por exemplo: por que não debater o uso de parte das nossas reservas monetárias — hoje estimadas em quase 370 bilhões de dólares — para lastrear um Fundo Garantidor que funcione como respaldo estatal à retomada de grandes investimentos privados, mormente em infraestrutura?

A deputada Manuela D'Ávila, do PCdoB e o ex-ministro Ciro Gomes, do PDT, ambos pré-candidatos à presidência da República, têm se empenhado em debater questões dessa ordem, programáticas, na busca de solução concreta para os impasses do desenvolvimento nacional.

Tanto a quem governa como a quem se propõe governar os estados, igual responsabilidade se impõe.

Em Pernambuco, por exemplo, as forças de oposição precisam ultrapassar a cobrança de promessas supostamente não cumpridas, feitas pelo governador Paulo Câmara na campanha eleitoral.

Pois não cabe simplesmente cobrar desconhecendo as circunstâncias de extrema crise em que o estado é governado. Sob pena de resvalar numa vala comum, distante de propostas reais para enfrentar, em bases sérias e factíveis, os problemas cruciais que se interpõem ao desenvolvimento da economia local com caráter inclusivo. Tanto quanto ao governador Paulo Câmara e aliados, cabe atualizar o programa de governo.

Com a proximidade das convenções partidárias, que celebrarão as alianças eleitorais, não há como postergar o debate programático.

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