08 julho 2018

A vida segue...


Foto: LS
Uma derrota a mais
É preciso entender que são clubes os responsáveis pela grandeza ou pequenez do futebol num país
Juca Kfouri, na Folha de S. Paulo

Não ganhar mais uma Copa do Mundo não tem a menor importância para o futuro do futebol brasileiro.
Tanto é verdade que já foram conquistadas cinco e o presente do nosso futebol é o que é, com clubes inadimplentes e cartolas corruptos ou fora do jogo, por causa do FBI e da Interpol, ou ainda dando as cartas, graças à leniência das autoridades brasileiras.
O futebol brasileiro ficou 24 anos sem passar do tri ao tetra e já está há 16 sem sair do penta ao hexa. E daí?
Alemanha nem pentacampeã é e seu campeonato nacional beira os 45 mil torcedores em média por jogo.
No país cinco vezes campeão não chega aos 18 mil.
Ganhar Copas do Mundo, francamente, é o de menos, por maior que seja a comoção que afeta até crianças desligadas do futebol, mas capazes de chorar com a eliminação. Uma senhora em prantos que acompanhava o secretário-menor da CBF em Kazan chegou a dizer que estava de luto, e Renato Augusto comparou a derrota à morte de um parente. Menos, minha senhora, muito menos, Renato Augusto.
Espanha só foi ganhar sua primeira Copa oito anos atrás e nem por isso o Real Madrid e o Barcelona eram menores do que são, ao contrário, tinham o mesmo tamanho.
É preciso entender de uma vez por todas que são clubes os responsáveis pela grandeza ou pequenez do futebol de um país, sem precisar exagerar como o presidente madridista que trabalha contra a seleção espanhola para não ver ofuscado o clube presidido por ele. Você sabe, rara leitora, você sabe, raro leitor: entre o seu clube campeão mundial e a seleção brasileira a escolha será quase sempre, mais de 90% das vezes, pelo clube.
E você que torceu contra, ou disse que torceu, porque o Temer não merece, o coronel Nunes também não, o Marco Polo que não viaja e o Caboclo que ele inventou muito menos, veja que quanto pior, pior mesmo, porque nada vai mudar.
Tanto que a seleção perdeu as últimas quatro Copas e nada mudou, assim como quando ganhou não foi por causa de Havelange e Teixeira, mas por causa de Pelé, Mané, Tostão, Rivellino, Romário, Rivaldo e Ronaldos.
O Brasil está fora da Copa, mas ela não acabou. Na terça-feira (10), em São Petersburgo, deveremos ter um recital de futebol: França x Bélgica, com ares de final antecipada, como seria França x Brasil. Só que seria e não será. Mas só mesmo.
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