Ele é vital para coordenar expectativas do setor
privado e isso pode levar a uma queda do déficit, diz o Fundo.
Por Luiz Gonzaga Belluzzo, na CartaCapital
Por Luiz Gonzaga Belluzzo, na CartaCapital
Na edição de outubro de 2014, o World Economic Outlook avalia
os benefícios do investimento público em uma conjuntura de baixo crescimento
nos países centrais e de deficiências na infraestrutura dos emergentes.
Em seu segundo capítulo, a publicação semestral do Fundo Monetário cuida do investimento público como indutor da demanda agregada e de seu papel na irradiação de expectativas favoráveis à formação bruta de capital fixo no setor privado.
O estudo do FMI procura demonstrar que o aumento do investimento público afeta a economia de duas maneiras. “A curto prazo, impulsiona a demanda agregada mediante a operação do ‘multiplicador fiscal’, incitando o investimento privado (crowding in), dada a forte complementariedade ensejada pelo investimento em serviços de infraestrutura... A longo prazo, há um efeito sobre a oferta, na medida em que a capacidade produtiva se eleva com a construção do novo estoque de capital.”
Em seu segundo capítulo, a publicação semestral do Fundo Monetário cuida do investimento público como indutor da demanda agregada e de seu papel na irradiação de expectativas favoráveis à formação bruta de capital fixo no setor privado.
O estudo do FMI procura demonstrar que o aumento do investimento público afeta a economia de duas maneiras. “A curto prazo, impulsiona a demanda agregada mediante a operação do ‘multiplicador fiscal’, incitando o investimento privado (crowding in), dada a forte complementariedade ensejada pelo investimento em serviços de infraestrutura... A longo prazo, há um efeito sobre a oferta, na medida em que a capacidade produtiva se eleva com a construção do novo estoque de capital.”
O texto
prossegue em sua avaliação das consequências do investimento público sobre o
produto potencial. Afirma que o gasto autônomo do Estado em uma economia com
capacidade ociosa ou carência de infraestrutura pode determinar a evolução
favorável do déficit fiscal e da relação dívida/PIB a médio e longo prazo.
Dependendo do
“multiplicador fiscal” de curto prazo, da eficiência microeconômica dos
projetos e da “elasticidade do produto”, o novo investimento pode levar a uma
queda do déficit fiscal e da relação dívida/PIB. O leitor atilado há de
perceber que esses fatores conformam a capacidade de resposta do gasto privado
aos estímulos do dispêndio “autônomo” do governo. Reminiscências keynesianas.
O investimento
em infraestrutura executado ou organizado pelo setor público não concorre com o
investimento privado, mas, ao contrário, serve como indutor ou o complementa.
Desde o imediato Pós-Guerra, o exame da trajetória das economias emergentes
confirma que o bom desempenho do investimento público foi crucial para a
obtenção de taxas de crescimento elevadas. Nas economias industriais modernas,
o investimento público desempenha uma inarredável função coordenadora das
expectativas do setor privado.
A experiência
internacional, sobretudo a dos países asiáticos, demonstra a existência de
interações virtuosas entre o investimento em infraestrutura, expansão
industrial, emprego e crescimento. Esses países executaram estratégias de
export led growth com câmbio competitivo, fortes incentivos e duras exigências
de desempenho impostas pelo Estado para estimular o investimento privado.
A conjugação de
esforços entre o setor público e o setor privado organizado sob a forma de
grandes empresas permitiu durante muitas décadas a manutenção de taxas de
investimento e de crescimento econômico elevadas. Na China, o exuberante
desempenho da economia brota do circuito virtuoso: expansão do crédito –
investimento público em infraestrutura – aumento da produtividade com ganhos de
escala – geração de saldos comerciais – elevação dos lucros – liquidação de
dívidas.
O investimento
público decorrente do gasto fiscal e do setor produtivo estatal é provedor de
externalidades positivas para o setor privado. Nas economias capitalistas
contemporâneas, quer nas desenvolvidas, quer nas emergentes, o investimento
público opera como componente “autônomo” da demanda efetiva e oferece uma perspectiva
para o investimento privado.
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