Inanidade poética
Jacqueline Torres
Sob o pórtico
estão espalhados os alos dos
Jacqueline Torres
Sob o pórtico
estão espalhados os alos dos
anjos
e os anjos jazem sob as flores
e as folhas da tarde verde jazem
Sob o véu
Vertem os olores, os olhos
a degenerescência da perversão
Sob a palavra
o joio
o pão dormido
o mal-me-quer
os deveres diários
os raios e os demônios
Sob as salvas de tiros
os foguetes infinitos
os dias decapitados no
e os anjos jazem sob as flores
e as folhas da tarde verde jazem
Sob o véu
Vertem os olores, os olhos
a degenerescência da perversão
Sob a palavra
o joio
o pão dormido
o mal-me-quer
os deveres diários
os raios e os demônios
Sob as salvas de tiros
os foguetes infinitos
os dias decapitados no
calendário
a inocência tardia
Sob a noite
durmo eu sonâmbula
a alga marinha na palma da
a inocência tardia
Sob a noite
durmo eu sonâmbula
a alga marinha na palma da
mão
o Nordeste, os infiéis, o
o Nordeste, os infiéis, o
hipódromo
sem cavalos
Sob a nulidade
as respostas
as cartas mal escritas
o cadáver do poema derradeiro
escrito a canivete
Sob nada
Tudo caminha de rastro sob a luz
sem cavalos
Sob a nulidade
as respostas
as cartas mal escritas
o cadáver do poema derradeiro
escrito a canivete
Sob nada
Tudo caminha de rastro sob a luz
enferma
Meu endereço deixei imerso no
Meu endereço deixei imerso no
silêncio,
no gozo e no perdido.
Para não se encontrar destinatário
Renuncia-se ao verbo
ao imensurável
à tarde alaranjada
à fronha de nuvem
ao disparo da bala.
Sob o absoluto
o vazio,
o inferno,
a purgação
Três cartas da infância
endereçadas ao infinito
E o esplendor do pó
do sol posto
dos melindres
das madressilvas
dos barbantes dos sapatos
Uma poesia tatuada de sarjeta
de carvão
de misérias remíveis por fim
Estúpida e alarmante
pendida do galho
sobre o ventre aceso
do divino.
no gozo e no perdido.
Para não se encontrar destinatário
Renuncia-se ao verbo
ao imensurável
à tarde alaranjada
à fronha de nuvem
ao disparo da bala.
Sob o absoluto
o vazio,
o inferno,
a purgação
Três cartas da infância
endereçadas ao infinito
E o esplendor do pó
do sol posto
dos melindres
das madressilvas
dos barbantes dos sapatos
Uma poesia tatuada de sarjeta
de carvão
de misérias remíveis por fim
Estúpida e alarmante
pendida do galho
sobre o ventre aceso
do divino.
Jacqueline Torres é educadora, militante
comunista, ativista do movimento feminista, membro da Academia
Pesqueirense de Letras e Artes - APLA; da Sociedade dos Poetas e Escritores de
Pesqueira - Sopoespes; e do movimento de mulheres Sertão Poética
[Mark Rothko]
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