08 abril 2022

Grande mídia na encruzilhada

Entre a cruz e a espada

Luciano Siqueira

 

A expressão cai muito bem na grande mídia monopolizada brasileira, na perspectiva das eleições presidenciais do outubro.

Não só porque, sistematicamente agredida e chacoalhada pelo atual presidente da República, mas sobretudo por se mostrar incompetente para viabilizar plenamente os interesses das elites dominantes, a grande mídia majoritariamente se opõe a Bolsonaro.

Mas também não simpatiza com alternativa Lula.

Tudo faz para insuflar uma candidatura da chamada terceira via — nem Bolsonaro, nem Lula.

Mas esbarra justamente na fragilidade da hipótese.

E na medida em que se vê constrangida a escolher para quem torcer, tenta de muitos modos influenciar o projeto Lula.

Disputa abertamente a agenda econômica do possível futuro governo. Proteger o rentismo é questão de honra. O grande agronegócio, idem.

E até a orientação tática da campanha passa a ser tratada diligentemente pelos principais articulistas dos jornalões e comentaristas das redes de TV.

Não pode se opor à hipótese de Geraldo Alckmin como vice de Lula. Mas tenta por aí uma brecha para meter o bedelho onde não está sendo chamada.

Essa contradição em si não é ruim. Pior seria se a poderosa Rede Globo e congêneres estivessem atacando duramente Lula e o conjunto das forças que tendem a apoiá-lo (o que não está fora de pauta, se um terceiro candidato crescer).

Mas da parte de cá — da ampla coalizão que vai se formando pró-Lula - cabe evitar conflito com os conglomerados midiáticos e tornar claras e explícitas posições fundamentais de uma agenda de reconstrução nacional absolutamente necessária para galvanizar o interesse e o entusiasmo da maioria do eleitorado.

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Veja: O nó da terceira via
https://bit.ly/35Q9UAn

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