07 abril 2022

Unidade pela base

Lula defende unidade das centrais e quer propostas da Conclat para plano de governo

O ex-presidente afirmou, na CUT, que o país vive “um momento difícil” e a unidade e a luta das centrais serão fundamentais para a reconstrução do país e as reformas necessárias. Conclat apresenta propostas unitárias das centrais sindicais nesta quinta (7)
Cézar Xavier, Portal Vermelho

 

A participação do movimento sindical e de movimentos populares na elaboração de propostas para o plano de governo do ex-presidente Lula foi o principal tema de encontro com sindicalistas da CUT, na segunda-feira (4), na sede da Central, em São Paulo. Durante o evento, Lula afirmou que o país vive “um momento difícil” e a unidade e a luta das centrais serão fundamentais para a reconstrução do país.

As centrais sindicais realizam a Conferência da Classe Trabalhadora (Conclat-2022), no próximo dia 7 de abril, em São Paulo, quando apresentarão a Pauta da Classe Trabalhadora a todo o país. No dia 13, o documento será entregue ao ex-presidente para Lula, em uma reunião com os presidentes das centrais.  

Para Lula, “é muito importante fazer com que as propostas, a pauta unificada da classe operária, sejam de conhecimento de toda a sociedade”. Ele disse que não tem medo de dizer que queremos voltar atrás (em relação às reformas) e queremos um Estado forte. “Não é o Estado tutor da sociedade, mas o Estado com força suficiente para induzir o desenvolvimento desse país, com banco e empresas fortes”, explicou.

Conclat

De forma unitária, as centrais sindicais realizam a CONCLAT 2022: Emprego, Direitos, Democracia e Vida, das 10h às 12h, em São Paulo. No evento, será apresentada a Pauta da Classe Trabalhadora, elaborada a partir dos documentos dos congressos das centrais e que será levada a candidatos(as) às eleições para nortear o próximo mandato presidencial.

Participarão, presencialmente, somente 500 sindicalistas que foram convidados(as). A conferência será transmitida, ao vivo, e poderá ser acompanhada pela Rede TVT e pelas redes sociais das centrais sindicais. 

A organização envolve a CUT, a Força Sindical, a UGT, a CTB, a NCST, a CSB, a Intersindical Instrumento de Luta, a Intersindical Central da Classe Trabalhadora e Publica.

A transmissão pela Rede TVT –Grande São Paulo – ocorre no Canal 44.1 e Canal 512 HDABC. Além disso, será possível acompanhar o evento pelas redes sociais das centrais sindicais e da TVT.  Leia também:

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Ataques aos trabalhadores

Durante o evento, Lula destacou que as centrais devem elaborar as propostas de forma direta e objetiva sobre o futuro que a classe trabalhadora quer para si nos próximos anos.  Ao enumerar os vários ataques sofridos pelos trabalhadores e pelo movimento sindical desde o golpe de 2016, contra a presidenta Dilma Rousseff, Lula indicou ações para que, se for eleito, possa recolocar o Brasil em uma rota de reconstrução social e econômica.

“Vivemos um momento difícil no Brasil. Teve o impeachment e não aconteceu outra coisa na vida do movimento sindical senão derrota atrás de derrota, como as reformas [Trabalhista e da Previdência Social], o desmonte da Justiça do Trabalho, o desmonte das finanças dos sindicatos, o desmonte dos direitos trabalhistas que vinham sendo construídos desde 1943”, pontuou o ex-presidente.

Destruir direitos e proteção social

De acordo com avaliação do ex-presidente Lula, a ofensiva da extrema direita contra os direitos sociais e trabalhistas foi violenta a ponto de causar uma certa inércia nos trabalhadores.  “Foram desmontando tudo e nossa capacidade de reação foi pequena porque o que os movimentos conservadores fizeram foi antecipado por uma campanha forte, de narrativa de negação de tudo o que era bom para nós”, disse Lula.

Tanto esses movimentos, aliados a campanha da mídia que falava à época, exaustivamente, que direitos como 13° e férias significavam custo e tiravam o poder de competitividade do Brasil em nível internacional, contribuíram com o desmonte que viria na sequência do golpe.

“Diziam que o Brasil não crescia e não exportava por que o custo era caro, mas nunca fizeram uma comparação entre o salário do trabalhador brasileiro com o salário de outros países”, disse se referindo a nações como Estados Unidos e França.

Essa ‘narrativa’, disse Lula, ganhou a consciência das massas que passou a ‘não ver sentido” no que o movimento sindical alertava – e alerta até hoje – de que o projeto de governo dos conservadores, em especial de Jair Bolsonaro (PL), é de destruir direitos e a proteção social da classe trabalhadora.

Empreendedorismo falacioso

Um dos exemplos de como o poder de alienação da direita habita o imaginário da sociedade, dado por Lula, foi a máxima de que um motorista de aplicativo, o Uber, por exemplo, é um empreendedor, dono do seu próprio negócio e do seu próprio tempo.

Citando um outro exemplo, Lula provou porque não funciona. “Lembro de quando surgiu a internet, a quantidade de jornalistas que achavam que iam fazer sucesso sozinhos nas redes sociais. Quantos conseguiram sobreviver? Quase ninguém”, disse, explicando que grandes conglomerados sempre ‘tomam conta’ do ambiente e não aceitam competição. Ao ‘pequeno empreendedor’, não sobra espaço, a não ser, como no caso do Uber, o de se submeter à exploração para conseguir minimamente sobreviver.

Portanto, para o ex-presidente, a disputa principal nessas eleições será no sentido de combater esse tipo de discurso que, na eleição presidencial de 2022, será novamente arma principal da direita. E assim como em 2018, baseada em notícias falsas – as fake news.

Reformular o Congresso

Além de uma mudança na forma com que se faz mobilização, reformular o que ele disse ser “o pior Congresso de todos os tempos”, é tão importante quanto eleger um governo democrático e popular.

“Hoje tem tanta gente desempregada que não dá mais para fazer porta de fábrica, somente. A maioria dos trabalhadores que a gente representa está na rua. Então, se colocar um carro de som para denunciar e entregar material [informativo], vai fazer mais efeito do que ir para a porta de fábrica”, afirmou Lula, referindo-se à mobilização direta que os sindicatos devem assumir.

O ex-presidente criticou a atual composição da Câmara dos Deputados e do Senado ao alertar que é necessário que o trabalho de base nessas eleições seja, efetivamente, de dialogar sobre quais parlamentares devem ser eleitos para compor o Congresso Nacional.

“O que quisermos fazer terá de passar pelo Congresso. Se a gente não mudar o Congresso não dá para fazer as contrarreformas que precisamos. Se não tivermos número [maioria], não faz”, explicou Lula.

Para Lula, não basta eleger deputados que representem os trabalhadores, mas é preciso cobrá-los. “É uma eleição que a gente vai ter que colocar no papel o que a gente quer, mostrar para o candidato e se ele não assinar embaixo, não se comprometer, não vota nele”, disse Lula.

“Farei na campanha a construção da ideia de que o povo não pode votar nos mesmos. E o movimento sindical pode dar uma contribuição extraordinária para dizermos o que queremos”, declarou o ex-presidente.

Polarização política

Desmistificando o conceito de que a polarização em disputas eleitorais é algo prejudicial, Lula afirmou que em toda a história sempre houve o embate de ideias opostas. No entanto, afirmou que preferia “estar polarizando com os tucanos do PSDB, porque, pelo menos, seria mais democrático, ao contrário do ódio de Bolsonaro”.

Ele criticou quem afirma que a esquerda ajudou a criar o clima para que Bolsonaro fosse eleito. “Vamos polarizar para ganhar as eleições. A gente sabe que não é fácil, ele tem uma turba que envolve muita gente, conta sete, oito mentiras por dia e não tem nenhum critério de respeito”, admitiu. A preocupação dele, disse Lula, “é destruir o que vier pela frente”.

E, nesse aspecto, Lula alertou que as eleições serão uma guerra e que a militância não deve aceitar provocações e sim, primar pela informação, o fato, a verdade, para conquistar os corações daqueles que ainda não se deram conta do desastre que é o atual governo.

Lula lamentou o número expressivo de desempregados, desalentados, e pessoas passando fome, que segundo ele, nunca se viu na história do país.

Com informações do portal da CUT

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