01 dezembro 2022

Enio Lins opina

CONTROLE JÁ DAS ARMAS E DAS MUNIÇÕES

Enio Lins, tribunahoje.com

 

Uma das tragédias nacionais legadas como herança do desgoverno Jair B está na nova cultura das armas. “Nova” porque até então essa era uma questão que seguia sua própria história no Brasil, com a legislação e conceituação evoluindo tendo como base o cuidado para a não-proliferação da vertente armamentista.

Com o bolsonazismo no poder
, a partir de 2019, veio à tona o incentivo governamental, por pronunciamentos e alterações legais, numa idolatria às armas. Toscamente, o discurso de Jair B e asseclas tenta copiar o dito na Segunda Emenda da Constituição dos Estados Unidos, desconsiderando todas as diferenças históricas entre as duas Nações e o ignorando histórico de tragédias americanas contemporâneas causadas por essa permissividade.

No final do século XVIII
, os Estados Unidos se formavam como Nação, em guerra pela preservação da independência e em processo de expansão territorial, sendo os cidadãos armados fundamentais para a segurança das comunidades na falta de forças policiais estruturadas. O longo e belicoso processo de avanço para o Oeste e de ocupação de territórios mexicanos, com participação civil armada, consolidaram a Segunda Emenda feita em 15 de dezembro de 1791, considerando direito individual a posse e porte de arma.

Nos Estados Unidos
, as armas individuais eram, nos primórdios, consagradas para a defesa do Estado, mas, na modernidade, desaparecida a necessidade da população civil armada que existiu até o começo do Século XX, esse direito constitucional degenerou para atender aos objetivos de uma poderosa indústria armamentista e virou milionário nicho de mercado, perdendo sua função precípua de defesa da pessoa e da comunidade. E daí viraram instrumentos de recorrentes assassinatos em massa, entre outras tragédias.

É nesse ponto, o da degenerescência
, que o Brasil bolsonazista quer pegar o bonde. O mentecapto da faixa verde-amarela declarou, e repetiu, que um dos “principais feitos de seu governo” era a multiplicação dos clubes de tiro e a liberação (descontrole total) das armas em nosso País. O resultado pode ser visto em acontecimentos como o ocorrido na cidade capixaba de Veracruz, onde um jovem – de 16 anos – fantasiado como militar nazista invadiu duas escolas, matou quatro pessoas e feriu outras 12. O pai do assassino, um policial, havia presenteado o filho com o livro “Minha Luta”, de Hitler. Precisa dizer mais alguma coisa?

O Brasil não tem o passado dos Estados Unidos
, nem precisa copiar o presente de desastre mortal em que se transformou a Segunda Emenda lá.

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