CONTROLE JÁ DAS ARMAS E DAS MUNIÇÕES
Enio Lins, tribunahoje.com
Uma das
tragédias nacionais legadas como herança do desgoverno Jair B
está na nova cultura das armas. “Nova” porque até então essa era uma questão
que seguia sua própria história no Brasil, com a legislação e conceituação
evoluindo tendo como base o cuidado para a não-proliferação da vertente
armamentista.
Com o bolsonazismo no
poder, a partir de 2019, veio à tona o incentivo
governamental, por pronunciamentos e alterações legais, numa idolatria às
armas. Toscamente, o discurso de Jair B e asseclas tenta copiar o dito na
Segunda Emenda da Constituição dos Estados Unidos, desconsiderando todas as
diferenças históricas entre as duas Nações e o ignorando histórico de tragédias
americanas contemporâneas causadas por essa permissividade.
No final do século XVIII, os Estados Unidos se formavam como Nação, em guerra pela
preservação da independência e em processo de expansão territorial, sendo os
cidadãos armados fundamentais para a segurança das comunidades na falta de
forças policiais estruturadas. O longo e belicoso processo de avanço para o
Oeste e de ocupação de territórios mexicanos, com participação civil armada,
consolidaram a Segunda Emenda feita em 15 de dezembro de 1791, considerando
direito individual a posse e porte de arma.
Nos Estados Unidos, as armas individuais eram, nos primórdios, consagradas para
a defesa do Estado, mas, na modernidade, desaparecida a necessidade da
população civil armada que existiu até o começo do Século XX, esse direito
constitucional degenerou para atender aos objetivos de uma poderosa indústria
armamentista e virou milionário nicho de mercado, perdendo sua função precípua
de defesa da pessoa e da comunidade. E daí viraram instrumentos de recorrentes
assassinatos em massa, entre outras tragédias.
É nesse ponto, o da
degenerescência, que o Brasil bolsonazista quer pegar o bonde. O
mentecapto da faixa verde-amarela declarou, e repetiu, que um dos “principais
feitos de seu governo” era a multiplicação dos clubes de tiro e a liberação
(descontrole total) das armas em nosso País. O resultado pode ser visto em
acontecimentos como o ocorrido na cidade capixaba de Veracruz, onde um jovem –
de 16 anos – fantasiado como militar nazista invadiu duas escolas, matou quatro
pessoas e feriu outras 12. O pai do assassino, um policial, havia presenteado o
filho com o livro “Minha Luta”, de Hitler. Precisa dizer mais alguma coisa?
O Brasil não tem o
passado dos Estados Unidos, nem precisa copiar o presente de desastre mortal
em que se transformou a Segunda Emenda lá.
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