DESAFIOS DE UMA RUA
Marcelo Mário de Melo
Na Rua do Imperador, no Recife, nos anos sessenta do século passado, as pessoas paravam ante a vitrine da Joalharia Krauze e viviam delírios de riqueza e luxo deslumbrante, em brincos, colares, pulseiras, braceletes, relógios e anéis de sonho.
A vitrine da Joalharia Krauze assistia a esse desfile. E num tempo de trevas assistiu, muitas vezes, policiais a pé e a cavalo caçarem e espancarem pessoas que erguiam bandeira e clamor de liberdade.
Um padre associou sua voz ao coro dos espancados e um jovem do Círculo dos Contumazes Caçadores, atribuindo-se poderes de papa, o detratou, qualificando-o de “padre” entre aspas.
Findas as trevas, os caçadores foram condenados pelo Supremo Tribunal do Sentimento Público, acusados pelas lágrimas das mães e das viúvas.
Hoje, circulam pela Rua do Imperador pessoas que buscam recolher e tecer os fios daquele tempo. E circulam também aqueles que se empenham em apagar as marcas que os condenam. Entre eles, aquele outrora jovem que se arrogou à condição de papa.
Decorridas décadas, caçadores e caçados continuam seguindo em calçadas opostas da Rua do Imperador, compondo caminhos e descaminhos da verdade, fieis ao seu feitio e ao seu passado
QUEM O FARÁ?
Marcelo Mário de Melo
Purgar os erros
lembrar os mortos
fecundar os sonhos
festejar as vitórias.
Se não fizermos isto
pela nossa história
quem o fará?
*Jornalista, poetaÉ preciso que as novas gerações proclamem: Ditadura nunca mais hoje! https://bit.ly/3PLXrBm
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