24 junho 2024

Taxar grandes fortunas

Apoio dos brasileiros a imposto sobre grandes fortunas chega a 69%

Pesquisa feita em países do G20 mostra grande apoio às propostas de taxação de super-ricos e de impostos mais elevados para empresas
Murilo da Silva/Vermelho


 

O apoio à taxação de grandes fortunas, umas das propostas do Brasil na presidência do G20, tem grande apoio da população dos países do bloco. A pesquisa realizada pela Ipsos, encomendada pela Earth4All e pela Global Commons Alliance, mostra que em 17 países que compõem o G20, 68% das pessoas apoiam que detentores de grandes fortunas paguem impostos maiores sobre a sua riqueza como forma de permitir maiores mudanças na economia e do estilo de vida da sociedade. Apenas 11% se mostraram contrários.

Neste quesito da pesquisa com o recorte só com brasileiros, 69% apoiam a medida – mais de dois terços da população. Os que não apoiam, mas não se opõem à medida são 15%, os brasileiros que são contrários à proposta somam 13%, enquanto 3% não opinaram. Foram entrevistados mil brasileiros com mais de 18 anos.

Sobre pessoas ricas pagarem taxas mais altas de imposto de renda, 70% da população do G20 se mostrou favorável, o mesmo valor captado no Brasil. 

Quanto às grandes empresas pagarem taxas de impostos mais elevadas, 69% dos entrevistados pelo G20 demonstraram apoio, o mesmo valor constatado no recorte brasileiro. Assim, novamente os valores se repetem, mostrando uma consonância brasileira sobre o tema com os demais países das 20 economias mais poderosas do mundo.

Outros países

A nível de comparação, sobre a pergunta se pessoas ricas devem pagar um imposto mais elevado sobre a sua riqueza, as taxas de apoio foram maiores na Indonésia (86%), Turquia (78%), Reino Unido (77%) e Índia (74%). Já os menores apoios vêm da Arábia Saudita (54%) e Argentina (54%), ainda que mais da metade da população demonstre estar de acordo com a medida.

Nos Estados Unidos (67%), França (67%) e Alemanha (68%), o estudo destaca que cerca de dois em cada três entrevistados apoiam um imposto sobre a riqueza.

Segundo Owen Gaffney, co-líder da iniciativa Earth4All: “Os resultados do nosso inquérito fornecem um mandato claro para todos os países do G20 pesquisados: redistribuir a riqueza. Uma maior igualdade construirá democracias mais fortes para impulsionar uma transformação justa para um planeta mais estável.”

Meio ambiente

A pesquisa ainda questionou, entre outras coisas, a opinião das pessoas sobre meio ambiente e mudanças climáticas. Sobre a questão climática, 71% dos entrevistados em 18 países do G20 disseram que é fundamental medidas imediatas na próxima década para reduzir as emissões de carbono pela eletricidade, transporte, alimentação, indústria e edifícios.

Considerando os países de forma isolada, a maior adesão no quesito vem do México (91%), seguido por África do Sul (83%), e Brasil (81%).

Além disso, 68% entendem que a economia deveria funcionar com a priorização de saúde e bem-estar das pessoas e da natureza, ao invés de concentrar esforços somente no aumento da riqueza. A taxa brasileira nesse quesito é superior à média do G20 e chega a 74%.

A Ipsos entrevistou 22.000 participantes, entre 5 de março e 8 de abril, em 22 países, sendo 18 do G20.

Leia mais: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2023/08/fundos-privilegiados.html

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