26 junho 2024

Brasil foi o que é contra Costa Rica

Brasil teve uma estreia frustrante na Copa América

Faltou ao time de Dorival Júnior refinamento para construir as jogadas a partir do meio-campo
Tostão/Folha de S. Paulo

 

Diferentemente de México e Estados Unidos, que atacaram e criaram várias chances de gol nos amistosos recentes da seleção brasileira, o time de garotos da Costa Rica se limitou a defender com dez jogadores de sua intermediária para trás. A Costa Rica fez tudo para o Brasil vencer na primeira rodada da Copa América, pois, quando desarmava perto da área, dava a bola ao adversário por falta de talento e também pela pressão que o time brasileiro fazia.

Insisto, faltou ao Brasil, mais uma vez, o refinamento para construir as jogadas a partir do meio-campo. Os lances de ataque mais criativos e eficientes ocorrem quando os meio-campistas avançam trocando passes do que quando há muitos atacantes perto do gol. Não há mais lugar para analisar a estratégia de uma equipe pelo desenho tático e pelos números. Quem avança é atacante.

Se na Copa do Mundo de 2022 criticamos Tite por ter substituído Vinicius Junior contra a Croácia, temos que criticar Dorival por sua saída. Ele não jogava bem, mas vimos inúmeras vezes no Real Madrid ele, de repente, fazer jogadas espetaculares após estar apagado em campo.

Depois do jogo Vinicius disse que joga na seleção de uma maneira diferente da do Real. Muitos analistas ainda não entenderam. O Real, mesmo quando enfrenta times inferiores, costuma atrair o adversário para utilizar Vinicius por meio de passes longos nas costas dos defensores, pela ponta e pelo meio.

Em uma de minhas caminhadas diárias, um leitor, ao se referir à minha coluna anterior, opinou que a seleção e os times brasileiros não seguem modelo estratégico do Manchester City e do Real Madrid, os dois melhores e mais encantadores times do mundo, por orgulho e saudosismo, por achar que o Brasil, pentacampeão do mundo, é que tem que ditar as regras do futebol.

FUTEBOL TEM LÓGICA

O Brasileirão, considerado por muitos o campeonato nacional mais equilibrado do mundo, parece mais equilibrado ainda neste ano. Por detalhes, previsíveis e imprevisíveis, as vitórias estão muito próximas das derrotas. Equipes como Atlético-MG e São Paulo passam por períodos sem perder seguidos por fases sem vencer. Aí colocam a culpa no treinador.

Futebol tem também lógica. Palmeiras e Flamengo, os dois principais favoritos no início do Brasileirão, são hoje os mais bem colocados, com grandes chances de se manter entre os primeiros até o final da competição.

Palmeiras e Flamengo possuem os dois melhores elencos do Brasil, além de dois excelentes treinadores. Não vejo o elenco do Flamengo tão superior ao do Palmeiras, como dizem. Tite gosta mais de repetir a escalação e a estratégia de jogo. Já Abel Ferreira prefere variar os jogadores e a maneira de jogar de acordo com o momento e o adversário. Os dois têm razão. Eu me encanto mais com as variações, desde que os resultados sejam bons. Sou um pragmático sonhador.

Três grandes do futebol brasileiro estão na zona de rebaixamento: Grêmio, Corinthians e Fluminense, campeão da Libertadores no ano passado e da Recopa neste ano. As coisas mudam. Fernando Diniz, que era tão idolatrado, perdeu o emprego. Dizem que ele poderá ir para o para o Athletico-PR, que ficou sem treinador após o estranho Cuca ter pedido demissão, o que ele j&aacut e; fez em outros clubes. Não será surpresa se Cuca for para o Fluminense.

Falam ainda que Fernando Diniz ou Cuca poderá ser o novo técnico do Cruzeiro. O jovem Seabra faz ótimo trabalho no time mineiro. Na goleada sofrida por 4 a 1 para o Bahia, o jogo estava equilibrado, empatado em 1 a 1, quando foi expulso um jogador do Cruzeiro.

Parafraseando Tom Jobim, o futebol brasileiro não é para principiantes, amadores.

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