Em declínio, porém nem tanto
Luciano Siqueira
Alguns analistas tomam a última manifestação bolsonarista ocorrida dia 7 último, na Avenida Paulista, em São Paulo, como termômetro de um provável declínio da extrema direita no país.
É possível que sim, mas não tanto ainda.
É que a
despeito da figura histriônica daquele que ainda pontifica como seu principal
líder, o ex-presidente Jair Bolsonaro, a ascensão da extrema direita no Brasil
é parte de tendência mundial.
Tem causas
profundas, especialmente relacionadas com a crise do próprio sistema
capitalista dominante, a cada dia mais concentrador da produção, da renda e da
riqueza e ultra financeirizado e, em decorrência, excludente de milhões de
homens e mulheres que precisam trabalhar para sobreviver.
Dito de modo
simplificado, o sistema já não tem o que oferecer.
Nesse ambiente
de frustração generalizada que, segundo algumas pesquisas, atinge sobretudo a
parcela expressiva da população de 40 anos de idade e mais, proliferam ideias
extremistas, negacionistas em toda linha, incluindo grande apelo da chamada
pauta de costumes.
Em
contrapartida, movimentos de esquerda e progressistas ainda tateiam na busca de
projeto estratégico e tático tão consistente quanto assimilável pelas
maiorias.
O cenário
mundial para o lado de cá ainda é de resistência e de acúmulo de forças tendo
em vista uma contraofensiva futura.
Isto repercute,
inclusive, no sentido de um empenho insuficiente das correntes políticas
situadas à esquerda na abordagem cotidiana das grandes massas trabalhadoras e
do povo.
O chamado
trabalho político na base atravessa fase crítica.
Nesse contexto,
importa sim saudar a evidente perda relativa de apelo político e emocional do
bolsonarismo, porém com os pés no chão no sentido de compreender com exatidão o
tamanho da empreitada a que são desafiadas as correntes políticas populares,
democráticas e progressistas.
Leia também: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2023/05/minha-opiniao_18.html
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