Paradigma – para e diga amar
Cláudio Carraly*
Acreditava que amizades de infância eram para sempre... Errei.
Acreditava que a
mulher da minha vida seria àquela da juventude... Errei.
Acreditei ser
destinado a fazer a diferença na minha existência... Errei.
creditei que o
estudo, trabalho, perseverança e honestidade seriam base de uma vida segura
para mim e minha a família... Errei.
Acreditava que no fim
os bons vencem e a verdade sempre prevalece... Errei.
Acreditei que os
sonhos se realizam se você trabalhar duro para isso... Errei.
Acreditei que ajudar
os outros retorna em coisas positivas para você... Errei.
Acreditei que a
sociedade humana é inexoravelmente boa e evolui para o melhor... Errei.
Acreditei ser
possível construir uma sociedade justa... Errei.
Acreditei que o bom
combate valia a pena mesmo que a derrota se impusesse... Errei.
Você pode pensar que
estou triste ou pessimista, pelo contrário, agora despertei e vejo as coisas
como realmente são.
Falei de todos esses
erros para afirmar que esses paradigmas precisavam ser quebrados para o meu
crescimento.
É assim mesmo,
ninguém deve ter compromisso com erro, as coisas mudam, vão para outro lado, ou
simplesmente não dão certo.
O compasso e o esquadro
que você recebeu por vezes não medem o mundo real, por isso joguei os meus
fora, eles não servem, eram só ilusão de poder controlar o destino.
A vida é mais
simples do que pensamos, ela não se permite cartesiana. Não conseguimos moldar
nossa existência, sonhos, desejos, ambições, tudo isso é normal, somos humanos,
mas não passa disso.
Esses mesmos desejos,
sonhos e ambições, vão tolher o seu espírito, vão se tornar paradigmas,
engessar a alma e calcificar o seu futuro. Quebre isso agora!
Apenas aceite viver,
o amanhã que sonhou será apenas um sonho, você define-se é por suas ações e só,
não espere reconhecimento, pois este normalmente não virá, faça por você e que
isso te baste.
Aprendi que o amor
pode acontecer a qualquer tempo, ou nunca.
Amizades verdadeiras
nascem a qualquer momento, mas também morrem, se esgotam sem prévio aviso.
Nós trabalhamos
demais, sempre buscamos o alto da montanha, quando a felicidade não estava no
topo, mas possibilidade de alcançá-lo.
Quebre as correntes,
duvide das suas certezas, inclusive das que lê agora.
Percebo que o ser
humano avança e evolui na inquietação da dúvida, na tentativa e erro é isso que
nos impulsiona para o novo.
Eu acabei com as
certezas e em breve provavelmente duvidarei dessas minhas dúvidas.
Agora encontro-me sem
escudo, ou espada, totalmente nu, talvez tenha dado um passo no caminho da
iluminação.
[Ilustração: Edward Hopper]
*advogado,
ex-Secretário Executivo de Direitos Humanos de Pernambuco
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