03 dezembro 2024

Cláudio Carraly opina

Paradigma – para e diga amar
Cláudio Carraly*  

Acreditava que amizades de infância eram para sempre... Errei.

Acreditava que a mulher da minha vida seria àquela da juventude... Errei.

Acreditei ser destinado a fazer a diferença na minha existência... Errei.

creditei que o estudo, trabalho, perseverança e honestidade seriam base de uma vida segura para mim e minha a família... Errei.

Acreditava que no fim os bons vencem e a verdade sempre prevalece... Errei.

Acreditei que os sonhos se realizam se você trabalhar duro para isso... Errei.

Acreditei que ajudar os outros retorna em coisas positivas para você... Errei.

Acreditei que a sociedade humana é inexoravelmente boa e evolui para o melhor... Errei.

Acreditei ser possível construir uma sociedade justa... Errei.

Acreditei que o bom combate valia a pena mesmo que a derrota se impusesse... Errei.

Você pode pensar que estou triste ou pessimista, pelo contrário, agora despertei e vejo as coisas como realmente são.

Falei de todos esses erros para afirmar que esses paradigmas precisavam ser quebrados para o meu crescimento.

É assim mesmo, ninguém deve ter compromisso com erro, as coisas mudam, vão para outro lado, ou simplesmente não dão certo.

O compasso e o esquadro que você recebeu por vezes não medem o mundo real, por isso joguei os meus fora, eles não servem, eram só ilusão de poder controlar o destino.

 A vida é mais simples do que pensamos, ela não se permite cartesiana. Não conseguimos moldar nossa existência, sonhos, desejos, ambições, tudo isso é normal, somos humanos, mas não passa disso.

Esses mesmos desejos, sonhos e ambições, vão tolher o seu espírito, vão se tornar paradigmas, engessar a alma e calcificar o seu futuro. Quebre isso agora! 

Apenas aceite viver, o amanhã que sonhou será apenas um sonho, você define-se é por suas ações e só, não espere reconhecimento, pois este normalmente não virá, faça por você e que isso te baste.

Aprendi que o amor pode acontecer a qualquer tempo, ou nunca.

Amizades verdadeiras nascem a qualquer momento, mas também morrem, se esgotam sem prévio aviso.

Nós trabalhamos demais, sempre buscamos o alto da montanha, quando a felicidade não estava no topo, mas possibilidade de alcançá-lo.

Quebre as correntes, duvide das suas certezas, inclusive das que lê agora.

Percebo que o ser humano avança e evolui na inquietação da dúvida, na tentativa e erro é isso que nos impulsiona para o novo. 

Eu acabei com as certezas e em breve provavelmente duvidarei dessas minhas dúvidas. 

Agora encontro-me sem escudo, ou espada, totalmente nu, talvez tenha dado um passo no caminho da iluminação.

[Ilustração: Edward Hopper] 

*advogado, ex-Secretário Executivo de Direitos Humanos de Pernambuco

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