Quase 100 mil trabalhadores da Volkswagen aderiram à greve na Alemanha
Maior potência e principal fiadora da UE, o país vive uma grande crise energética e industrial. Scholz deve enfrentar moção de confiança no começo de 2025
Lucas Toth/Vermelho
Não são tempos de normalidade na maior potência e principal fiadora da União Europeia. A crise econômica e política que a Alemanha atravessa parece não ter fim, depois que cerca de 100 mil trabalhadores da Volkswagen se juntaram à greve anunciada pelo sindicato nesta segunda (2). Os trabalhadores protestam contra os planos da empresa para cortar salários e até mesmo fechar fábricas na maior montadora de automóveis da Europa.
A Volkswagen ameaça fechar fábricas na Alemanha pela primeira vez em seus 87 anos de história para reduzir custos e aumentar o lucro. As montadoras europeias enfrentam fraca demanda, altos custos de produção, concorrência de rivais chineses e transição para veículos elétricos mais lenta do que o esperado.
“Este foi o primeiro e poderoso impacto de um inverno de protestos. A Volkswagen deve tomar juízo e desistir de seus planos, caso contrário, nossos pares encontrarão a resposta certa”, disse o negociador-chefe do IG Metall, Thorsten Groeger.
O sindicato havia proposto aos executivos do VW medidas que economizariam até 1,5 bilhão de euros (R$ 6,34 bilhões), dentre elas, a renúncia de bônus em 2025 e 2026 para o alto escalão da empresa. A Volkswagen recusou a proposta, exigindo um corte salarial de 10%.
“Se necessário, esta será a batalha de negociação coletiva mais difícil que a Volkswagen já viu”, disse o representante da IG Metall, Thorsten Groeger, em um comunicado.
A Alemanha atravessa um período conturbado na política e na economia. Maior potência da Europa e fiadora da UE, o país vê sua economia estagnada há dois anos e com problemas de infraestrutura defasada.
Tudo isso em meio a uma guerra tarifária já declarada com a China e uma nova frente com a administração protecionista de Trump, que deve sobretaxar produtos europeus, principalmente o setor automotivo – produto de exportação por excelência da Alemanha.
Na política, o ministro das Finanças, Christian Lindner, do Partido Liberal-Democrata, foi demitido pelo chanceler Olaf Scholz, desmanchando a coalizão semáforo – que unia o vermelho dos social-democratas, o amarelo dos liberais-democratas e o verde.
Com eleições previstas para setembro do ano que vem, a Alemanha vive em compasso de espera para um voto de confiança do parlamento em breve – o que pode antecipar as eleições para fevereiro de 2025.
Leia mais sobre a crise na Alemanha https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/09/alemanha-juventude-direita.html
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