Uma simpática baleia azulzinha assusta os tubarões monopolistas
Enio Lins
Cravou o Estadão em seu editorial de ontem: “A destruição criativa da IA chinesa”, complementando no bigode: “A competição pela IA parecia vencida por umas poucas ‘big techs’ americanas. Mas uma startup chinesa mostrou que o jogo só começou e está aberto a empresas de todo o mundo”.
BUSCA PROFUNDA
Diz o editorial: “No fim de semana, o DeepSeek-R1 ultrapassou o ChatGPT em downloads. Na segunda-feira, as empresas de tecnologia americanas perderam US$ 1 trilhão no mercado de ações. As ações da campeã da produção de chips, a Nvidia, que cresceram 10 vezes em dois anos, o que a tornou a empresa mais valiosa do mundo, despencaram 17%, com perda de quase US$ 600 bilhões, a maior de um único ativo na história. Entre as empresas de energia, também foi um banho de sangue”. DeepSeek é uma ferramenta, recém-nascida, criada por um chinês, conhecido apenas como Liang, que teria 40 anos, formado pela Universidade de Zhejiang em Engenharia de Informação Eletrônica e Ciência da Computação. Até o surgimento dessa startup do camarada Liang, o globo estava 100% nas mãos das big techs estadunidenses. Estava.
TREMEM AS BIG TECHS
Em êxtase pela volta de Trump ao poder, as big techs começaram a rasgar suas fantasias, dispensando os paetês de falso brilho democrático e inclusivo, e assumindo suas fardas monocromáticas das práticas opressivas, monopolistas e imperialistas, ameaçando inclusive a Justiça em países estrangeiros quando das tentativas de cobrança às todo-poderosas o cumprimento das leis nacionais. Lembrou o Estadão que “um dos primeiros compromissos de Trump foi anunciar planos para investimentos privados de meio trilhão de dólares no ‘maior projeto de infraestrutura de IA na história’”, destacando que “no seu discurso de posse na semana passada, o presidente americano anunciou uma ‘nova era eletrizante de sucesso nacional’. Turbinado pela tecnologia mais disruptiva de nosso tempo, talvez de todos os tempos, a inteligência artificial (IA), o sucesso do novo império americano poderia ir tão longe até fincar sua bandeira em Marte”. A intempestiva chegada da startup chinesa deu um choque de livre-mercado (mito capitalista) com altíssima voltagem. Obviamente não eletrocutou nenhuma das big techs suprematistas. Mas deixou todas – inclusive Donald, The Godfather – de cabelos em pé e ilusões no chão. Existe alguma concorrência no cyberespaço, e a inteligência natural é quem joga o jogo.
ESPERANÇA LIBERTÁRIA
Resume, o Estadão, o cenário pré-DeepSeek: “Dois anos após a OpenAI lançar o ChatGPT, o primeiro aplicativo de IA para o público em geral, o consenso é de que o desenvolvimento exige uma quantidade brutal de energia e de chips de última geração. Os investimentos em centros de dados pelas três gigantes da computação em nuvem (Alphabet, Amazon e Microsoft) e a Meta cresceram 57% em um ano, chegando a US$ 180 bilhões. A Microsoft, principal investidora da OpenAI, anunciou US$ 80 bilhões em infraestrutura para este ano; e a Meta, US$ 65 bilhões em IA. A tecnologia da IA parecia se concentrar em umas poucas big techs americanas, e os custos formariam uma fortaleza inexpugnável para os competidores”. E agora? Segundo o editorial: “Então, uma jovem, pequena e obscura startup chinesa, a DeepSeek, jogou uma granada na sala: lançou um modelo de l inguagem de grande escala tão eficiente quanto o ChatGPT, mas produzido com uma quantidade muito menor de chips de segunda categoria e, portanto, com custos comparativamente ínfimos”. Viva a Resistência! Os monopolistas ianques não têm tudo dominado, para a felicidade geral do mundo que quer ser livre. Na real.
Leia: Inteligência
artificial chinesa DeepSeek passa ChatGPT em downloads https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/01/deepseek-em-cena.html
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