Efeito Milei: pequena e média indústria argentina
continua em queda livre
Miguel do Rosário/O Cafezinho
Na Argentina, o termo PYME refere-se a “Pequeñas y Medianas Empresas”, ou seja, pequenas e médias empresas, que desempenham um papel crucial na economia, gerando empregos e contribuindo para o desenvolvimento regional. Essas empresas, no entanto, enfrentam desafios significativos em meio à crise socioeconômica do país, como mostra o relatório recente da Câmara Argentina de Média Empresa (CAME).
Queda na indústria PYME
De
acordo com o levantamento realizado pela CAME, a indústria PYME registrou uma
retração de 3,7% em novembro em
relação ao mesmo mês do ano anterior. No acumulado de janeiro a novembro de
2024, a queda já atinge 13,6%, em comparação
ao mesmo período de 2023. Entre os seis setores analisados, dois apresentaram
melhora em sua atividade anual, enquanto quatro sofreram retração.
Apesar
do cenário negativo, houve um aumento mensal desestacionalizado de 3,9% na atividade industrial,
além de uma leve elevação no uso da capacidade instalada, que passou de 62,3% em outubro para 63,1% em
novembro.
Os
dados são parte do Índice de Produção Industrial Pyme (IPIP), que avalia
mensalmente a atividade de 420 indústrias PYME de todo o país.
Fatores que agravam a crise
A
crise enfrentada pelas pequenas e médias indústrias argentinas reflete
problemas estruturais agravados por políticas econômicas. De acordo com a CAME
e relatos de industriais locais, a abertura
indiscriminada de importações e a falta de políticas
voltadas à produção nacional têm afetado diretamente o setor.
Adicionalmente,
a desvalorização cambial de 118%,
combinada com a redução de salários, aposentadorias e investimentos em obras
públicas, resulta em uma economia fragilizada. Essas medidas impactam
diretamente o poder de compra da população, com grande parte das famílias
argentinas – entre 70% e 80%, segundo
estimativas – vivendo em condições de vulnerabilidade econômica.
Reflexos
no consumo e no mercado interno
A
retração industrial não é um fenômeno isolado. Outros indicadores, como a queda
no consumo em supermercados e no comércio de bairros, reforçam o impacto da
crise socioeconômica no país. Apenas os setores financeiro, extrativista e
agroexportador conseguem apresentar algum desempenho positivo, enquanto a
maioria das atividades enfrenta dificuldades severas.
O relatório da CAME revela um cenário
preocupante, onde a política econômica atual é vista como um retrocesso,
replicando modelos que já mostraram sua ineficiência no passado e comprometendo
ainda mais a sustentabilidade das pequenas e médias empresas no país.
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