A torcida por um 2016 melhor
Luis
Nassif, no GGN
2016 começa sob o signo da esperança – como todo ano, aliás. Há alguns
fatos novos no ar, depois dos problemas enormes que o país enfrentou em 2015.
O primeiro é a vontade geral de que os problemas políticos sejam
superados e a economia volte a se recuperar. Em cima dessa expectativa, há uma
reavaliação ampla da atuação de vários personagens públicos.
A estabilização da economia tornou-se matéria de interesse nacional. Não
adianta se apelar para esse jogo malicioso de dividir a estabilização entre
governistas e oposicionistas. Em determinado momento, ganhou corpo a ideia de
que a saída de Dilma Rousseff atendia mais ao interesse nacional.
Agora, a situação é outra. A bandeira do impeachment murchou e qualquer
tentativa de prorrogar essa novela passa a ir contra o interesse nacional e a
vestir a carapuça do golpismo.
Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Aécio Neves entram definitivamente para o
duvidoso panteão dos personagens políticos nefastos, ao lado de Eduardo Cunha,
daqueles que colocam interesses pessoais ou políticos, idiossincrasias e
oportunismos acima do interesse nacional.
Perderam a capacidade de derrubar governos, mas mantem o poder de
continuar atazanando o país.
***
O grande desafio será, agora, na esfera político-econômica. E está nas
mãos do Ministro da Fazenda Nelson Barbosa.
Nelson tem mais realismo do que as excentricidades desenvolvimentistas
de Guido Mantega ou a mentalidade de contador de Joaquim Levy. Sabe que o
principal desafio econômico será interromper a queda da atividade econômica.
Por outro lado, tem claro os limites fiscais.
Para reativar a economia, precisará de boa dose de imaginação para
articular instrumentos legais que não impliquem em mais custos fiscais. Por
outro lado, tem a necessidade de impor segurança ao mercado, sim. E segurança
não consiste em adotar medidas heroicas pró-cíclicas. Medidas heroicas são para
enganar o freguês e permitir a economistas de jornal jogar para a plateia.
Segurança consiste em apresentar um plano factível, lógico, que acene com o
equilíbrio fiscal no médio prazo. E equilíbrio fiscal significa recuperar as
receitas fiscais através da melhoria da atividade econômica.
***
O grande desafio de Nelson será equilibrar-se ante as demandas dos
movimentos sociais e sindicatos e as do mercado. Em geral, Ministro que entra
tem a fase de carência, de pelo menos seis meses para mostrar a que veio.
Por conta da crise a agenda ficou mais estreita. Mas seria importante
que as forças mais à esquerda entendessem as limitações da política econômica e
desse um sinal verde para o Ministro.
A recuperação da economia não pode depender dos esforços únicos de um
Ministro, mas de uma ação de governo, agitando todos os Ministérios em torno de
metas claras e factíveis de crescimento.
É papel que cabe à Presidente da República.
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